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Entidades divergem sobre vendas no Dia dos Namorados, mas todas culpam Copa

Do UOL, em São Paulo

13/06/2014 16h49

Três entidades de proteção ao crédito diferentes divulgaram nesta sexta-feira (13) três balanços divergentes sobre as vendas do Dia dos Namorados, que coincidiu com a abertura da Copa do Mundo no Brasil.

A Serasa registrou um aumento de 0,5% nas vendas neste ano em relação a 2013. Para a Boa Vista SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito) as vendas subiram 0,8%. O SPC Brasil apresentou a maior diferença, com queda de 8,63% sempre em comparação com o ano passado.

Na semana passada, as mesmas entidades divulgaram números divergentes sobre inadimplência (dívidas em atraso). Seus representantes defenderam o acerto de cada uma delas, mas disseram que não tinham como comentar pois desconheciam as metodologias dos concorrentes.

Especialista de fora das entidades disse que os resultados não podem ser considerados nacionalmente, por refletirem apenas os dados dos clientes de cada uma das empresas de crédito.

Numa informação pelo menos todas concordaram: um dos principais culpados pelos resultados fracos foi a coincidência com a abertura da Copa do Mundo.

Duas das entidades (Serasa e SPC) partilham uma outra análise igual: foi o pior Dia dos Namorados dos últimos cinco anos.

Além da  Copa, a Serasa e o SPC culpam também os juros altos e a inflação.

Serasa mostra elevação de 0,5% neste ano

A Serasa registrou um aumento de 0,5% nas vendas, do dia 6 a 12 de junho, comparadas com o mesmo período de 2013.

Para os economistas da Serasa Experian, o aumento foi o resultado mais fraco para essa data comemorativa do varejo dos últimos cinco anos, perdendo apenas para a queda de 1,7% verificada no Dia dos Namorados em 2009.

Em 2010, houve crescimento de 10,9% nas vendas; em 2011, um aumento de 8,6%; em 2012, subiu 5,2%; em 2013, houve aumento de 4,4%.

Além da coincidência com a Copa, também atrapalharam o movimento os juros altos, o baixo grau de confiança dos consumidores e a inflação alta, segundo a Serasa.

SPC diz que vendas desabaram 8,63%

Nos cálculos do SPC Brasil, divulgados nesta sexta pela CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas), o movimento das vendas no comércio entre os dias 5 e 11 de junho caiu 8,63% em relação ao mesmo período do ano passado – o pior número para a data desde 2009.

Segundo a CNDL, a abertura da Copa do Mundo, que aconteceu no dia, concorreu com o Dia dos Namorados e, de certa forma, contribuiu com a queda.

“É natural que haja um redirecionamento de gastos, ou seja, parte do que ia ser investido no presente e nos encontros românticos foi gasto com comemorações em grupo para a Copa", diz Roque Pellizzaro Junior, presidente da CNDL, em nota oficial distribuída à imprensa.

Segundo  CNDL, o Dia dos Namorados é a terceira data mais lucrativa para o comércio, ficando atrás somente do Natal e do Dia das Mães. Os produtos mais procurados nas lojas durante este período são itens de vestuário, calçados, perfumaria, floricultura, joias e bijuterias.

Boa Vista afirma que houve alta de 0,8%

Para a Boa Vista SCPC as vendas cresceram 0,8% entre 1º e 12 de junho deste ano, em relação aos mesmos dias de 2013. Em 2013, as vendas no comércio subiram 3,5% diante de 2012.

Segundo a entidade, o resultado modesto se deve também à coincidência com a abertura da Copa do Mundo no país.

Números podem variar de acordo com entidade

Dados sobre a inadimplência do consumidor são coletados e divulgados por três empresas diferentes, em âmbito nacional: a Boa Vista, o SPC e a Serasa. Os dados divulgados podem ser diferentes uns dos outros.

A discrepância nos resultados pode ocorrer porque os números se referem às lojas atendidas por cada uma das empresas. Seus números são válidos apenas para seus clientes.

As lojas podem contratar os serviços de qualquer uma das três ou de nenhuma delas.

Nenhum dos institutos revela detalhes de sua metodologia de pesquisa, por considerar este dado uma informação estratégica da empresa. Apesar disso, Rodolfo Olivo, professor de finanças empresariais da Faculdade FIA, faz uma ressalva em relação à abrangência das pesquisas.

"Embora as bases de dados das empresas sejam nacionais, elas não podem ser consideradas representativas, porque não sabemos se são aplicados critérios estatísticos amplos", afirma.