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Disputa entre investidores nos EUA é como guerra de mafiosos, diz jornal

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Imagem: Shutterstock

Do UOL, em São Paulo

08/02/2016 15h21

Veteranos do mercado financeiro nos Estados Unidos estão se reunindo secretamente para tentar evitar que "novos" investidores prejudiquem o mercado. As informações são do jornal britânico "The Guardian" e foram divulgadas neste mês. 

Segundo o jornal, a disputa entre a velha e a nova guarda de Wall Street se assemelha às guerras entre máfias retratadas em filmes, com direito a reuniões secretas.

As facções da 'máfia'

De um lado, segundo o jornal, estão investidores tradicionais, que costumam comprar ações de determinadas empresas e mantê-las por um longo período.

É o caso do diretor-executivo do banco JP Morgan, Jamie Dimon, e do megainvestidor Warren Buffett, conhecido no mundo dos negócios por sua bem-sucedida estratégia de comprar e manter as ações. Eles ganham dinheiro quando a empresa vai bem porque ela distribui dividendos (parte dos lucros) entre os acionistas.

Do outro lado, diz o "Guardian", estão os investidores que querem embolsar os lucros rapidamente. Eles compram e vendem ações o tempo todo. Ganham dinheiro ao comprar papéis que estão baratos para vendê-los assim que o preço subir. São os fundos de investimento especulativos.

Buffett e companhia teriam organizado duas reuniões secretas em Nova York (EUA), em agosto e dezembro do ano passado, para discutir formas de diminuir a influência dos fundos de investimento especulativos no mercado. A informação foi divulgada inicialmente pelo jornal "Financial Times".

'Histeria'

O primeiro resultado concreto desses encontros teria surgido na semana passada, quando Larry Fink, diretor-executivo da BlackRock, maior fundo de investimentos do mundo, enviou uma carta aos presidentes de todas as empresas que têm ações na Bolsa dos Estados Unidos (Standard & Poor's) e também de algumas grandes companhias europeias.

Na carta, ele defende o fim da prática de divulgar previsões para os lucros das empresas a cada trimestre. Segundo Fink, isso cria uma "histeria" que prejudica as metas de longo prazo das companhias.

De acordo com o "Guardian", Fink teme que a busca por resultados trimestrais faça com que as empresas tomem decisões erradas apenas para agradar o mercado. 

Investidores que querem retorno rápido podem vender as ações dessas empresas assim que elas estiverem em alta e partir para as próximas companhias. Mas a empresa que tomou decisões erradas só para agradar investidores vai precisar conviver com os problemas gerados por elas, o que prejudica os investimentos a longo prazo.

Outra sugestão proposta na carta, segundo o jornal, é deixar de pagar dividendos tão altos aos acionistas e usar esses recursos para investir nas companhias. 

A aliança entre a antiga e a nova Wall Street estaria desmoronando, segundo o jornal. "Ao contrário das guerras entre máfias, porém, essa não terá banho de sangue".

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AFP