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Economia do país vai levar 4 anos para sair do buraco, diz especialista

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Imagem: Arte/UOL

Sophia Camargo

Colaboração para o UOL, em São Paulo

31/08/2016 13h38

A economia brasileira está piorando menos, mas ainda se mantém longe da recuperação. Para sair do buraco e voltar ao nível de 2014, deve demorar quatro anos.

Segundo especialistas ouvidos pelo UOL sobre o desempenho do PIB (Produto Interno Bruto), apenas no terceiro trimestre a economia deve começar a se estabilizar e só no começo de 2017 é que devemos voltar a crescer. O impeachment  de Dilma Rousseff ajuda a melhorar a expectativa positiva, mas só medidas efetivas devem resolver.

Para o professor de economia Simão Silber, da FEA-USP, a expectativa é que 2016 feche o ano com uma queda de 3,1% no PIB. Segundo ele, a economia brasileira terá encolhido 6,9% em dois anos.

Imagine que você caiu em um buraco de 7 metros. Ainda que você suba um metro, você ainda tem seis metros de buraco. O Brasil caiu nesse buraco e a economia terá de crescer 7% para voltar ao nível de 2014. E isso só deve acontecer em 2020. Esse é o tamanho do estrago de Dilma e Lula.

Simão Silber, professor de economia da FEA-USP

Para ele, apenas no primeiro trimestre de 2017 é que o PIB deve reverter o sinal e começar a crescer em relação ao trimestre anterior. "Nem na época da Grande Depressão o Brasil passou por uma crise como essa. Entre 1930 e 1931, o PIB encolheu 5,3%. Naquela ocasião, o mundo tinha se desmanchado, mas essa recessão [atual] foi obra interna", diz.

Impeachment ajuda, mas não resolve

Para os especialistas, o impeachment de Dilma tem efeito positivo na economia, mas não é suficiente para assegurar o crescimento econômico.

"O impeachment muda o governo, mas não basta só isso", afirma Luiz Fernando Castelli, economista da GO Associados. Rafael Bacciotti, economista da Tendências Consultoria, tem a mesma visão.

Segundo eles, o processo melhorou um pouco a confiança e a expectativa dos agentes econômicos, mas para que essa expectativa se converta em realidade é preciso que sejam aprovadas medidas para equilibrar as contas públicas.

"São precisos sinais mais concretos, como a aprovação da PEC [do teto] dos gastos e reforma da Previdência, para que haja um crescimento mais consistente", diz Bacciotti.

"Além da questão fiscal, serão necessárias reformas para aumentar a eficiência da economia, como a reforma tributária e trabalhista. Aquelas que sempre são faladas e nunca saem", diz Castelli.

Má notícia: desemprego ainda aumenta

O desemprego, que atinge 11,8 milhões de brasileiros, deve aumentar ainda mais até 2017, preveem os economistas. 

Segundo Castelli, para o desemprego parar de crescer, é preciso criar uma quantidade de vagas igual à procura por emprego.

Por enquanto, ainda estamos destruindo vagas de trabalho. Voltar a criar vagas no primeiro semestre de 2017 é até uma expectativa otimista.

Luiz Fernando Castelli, economista da consultoria GO Associados

Rafael Bacciotti, da Tendências, declara que o desemprego é o último indicador que piora e também o último a se recuperar, pois para voltar a haver contratação, a economia tem que engrenar completamente outra vez. "Enquanto isso, as empresas aproveitam a capacidade ociosa", diz.

Além do aumento do desemprego, o professor Silber afirma que os brasileiros sofrem também com a queda no poder aquisitivo das famílias. "Nos últimos 12 meses, a massa salarial urbana do Brasil está 3,3% abaixo de um ano atrás, quando já estava em queda", diz.

O brasileiro hoje compra de 8% a 10% a menos do que dois anos atrás, por duas razões: o salário não cresceu, e há menos gente trabalhando na família porque alguém está desempregado.

Simão Silber, professor de economia da FEA-USP

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