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Embraer: governo pode negociar, mas não abre mão de controle, diz Temer

Um dos jatos fabricados pela brasileira Embraer - Ricardo Matsukawa / UOL
Um dos jatos fabricados pela brasileira Embraer Imagem: Ricardo Matsukawa / UOL

Luciana Amaral e Gustavo Maia

Do UOL, em Brasília

22/12/2017 12h25

O governo federal vê com bons olhos e está aberto a negociações da empresa de aviação Boeing com a Embraer, mas não cogita renunciar ao controle acionário da empresa para a preservação da soberania nacional, afirmou o presidente da República, Michel Temer (PMDB), nesta sexta-feira (22).

“Queremos saudar o interesse da Boeing pela Embraer, a significar, portanto, que há no cenário internacional um interesse muito grande pela injeção de capital estrangeiro nas nossas empresas. E, evidentemente, que a injeção desse capital estrangeiro, seja da Boeing, seja de outros, será muito bem-vindo e muito bem recebido na Embraer”, falou.

“A dificuldade é transferir o controle da Embraer para outra empresa. [...] Em princípio, a Embraer é brasileira, representa muito bem o Brasil lá fora e, volto a dizer, muito bem-vindo a injeção de capital estrangeiro. Não se examina a questão da transferência”, acrescentou.

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Interesse nacional

Questionado sobre a possível venda, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, também negou a possibilidade de mudança no controle da empresa. "Nós não transferiremos o controle acionário da Embraer para absolutamente ninguém."

O ministro afirmou que a empresa que comprar a Embraer pode decidir, por exemplo, que não quer mais produzir o "Super Tucano" [EMB-314], aeronave desenvolvida sobretudo para atuar na Amazônia.

"É um interesse nacional. Pode ser que você vendendo, por exemplo, o controle acionário da Embaer, o Congresso de outro país diga 'não temos mais interesse em produzir' o caça que nós estamos fazendo. E esse caça, num país de 8,5 milhões de km² é simplesmente decisivo para a soberania nacional", declarou.

Nós não podemos negociar soberania e interesse nacional.
Raul Jungmann, ministro da Defesa

Para o ministro, no entanto, todo o restante, que seja bom para a empresa e ajuda a aumentar as vendas, é bem-vindo, "seja de quem for". "Essa é uma visão que está no centro das preocupações do governo", afirmou.

Combinação de negócios

A Boeing procura na Embraer um novo fôlego no mercado para fazer frente às gigantes do setor, Airbus e Bombadier, que anunciaram, em outubro, uma sociedade para produção de jatos comerciais.

Em comunicado conjunto publicado na quinta-feira, a Embraer e a Boeing informaram que estão em tratativas a respeito de uma “potencial combinação”. De acordo com o texto, as bases da negociação ainda estão em discussão.

O comunicado informa ainda que a transação estaria sujeita à aprovação do governo e agências reguladoras do Brasil, bem como dos respectivos conselhos e dos acionistas da Embraer.

Sobre o uso da chamada "golden share", "ação de ouro" com poder de veto do governo brasileiro, Jungmann disse que as conversas entre as duas empresas estão "muito no seu início". 

O ministro também afirmou que as tratativas demonstram o interesse da Boeing "numa empresa que é um símbolo da nossa tecnologia, da inovação e do conhecimento".

Ações dispararam na Bolsa

Após a confirmação pelas empresas da negociação em curso, as ações da Embraer (EMBR3) na Bolsa paulista terminaram o pregão de ontem com 22,5% de valorização, a maior do dia, custando R$ 20,20. No início da tarde desta sexta-feira, os papéis operavam em alta de mais de 4%.

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(Com Agência Brasil)

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