Economista: Reação ao Carrefour foi correta, mas é preciso recuperar espaço
A reação do Brasil frente à paralisação das compras de carne brasileira pelo Carrefour da França foi "perfeita", avaliou o economista Teco Medina ao UOL News desta segunda (25). Ele destacou, no entanto, que o Brasil precisa se reposicionar em meio a um cenário econômico de maior protecionismo global.
Na semana passada, o Carrefour anunciou a suspensão de compras de carne de países do Mercosul por supostos motivos sanitários. Isso gerou boicotes à rede, com frigoríficos, como JBS, interrompendo as vendas ao Carrefour do Brasil. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, apoiou a ação dos frigoríficos e chamou a decisão de "protecionismo desproporcional".
Eu achei a reação do Brasil perfeita, na medida, rápida, conjunta. Porque não adiantaria só o ministério se posicionar. Achei importante os frigoríficos se manifestarem, e o ministro falou a frase que eu acho correta. Quer dizer, ninguém é obrigado a comprar nada de ninguém. As pessoas são livres para comprar o que elas quiserem de quem elas bem entenderem.
O que alguém não pode falar é que não vai comprar porque não tem qualidade um produto que a gente sabe que tem qualidade e que ele consumiu durante a vida inteira até semana passada.
Eu achei a decisão certa. Tem que enfrentar, tem que criticar, tem que reclamar. E tem que se preparar, porque, de anos para cá, acabou aquela história um pouco de derrubar barreira, globalização, interação. Está todo mundo fechando cada vez mais a sua casinha. Essa história de protecionismo tem acontecido. Trump voltou. A gente vai ver mais capítulos disso.
E o Brasil tem que ser inteligente e ágil para se portar com isso também. É ruim a gente perder um mercado para a gente vender um produto nosso, mas a gente tem que se posicionar em relação a isso. Tem que tentar discutir, debater e reconquistar esse espaço, porque se você não faz nada parece que ele tem razão. E evidentemente ele não tem razão nenhuma.
Teco Medina, economista
Para o economista, o boicote dos frigoríficos brasileiros ao Carrefour gera prejuízos, mas o erro não é do Brasil.
Isso é ruim para todo mundo. É ruim para o cliente que está acostumado a comprar nessas lojas e vai ter dificuldade de achar carne. Perde essa empresa [Carrefour], que gera empregos aqui no Brasil. Os frigoríficos vão ter que achar outros lugares para vender essa carne. Então, também vai criar uma dificuldade ali.
Mas o erro não é nosso. A gente é vítima disso e está apenas reagindo a uma coisa absurda que foi feita e dita.
Isso deve acontecer mais recorrentemente no mundo ano que vem, com cada país tentando proteger um pouco seu cercadinho, criando problemas para produtos estrangeiros. Vai ter que ter uma sabedoria para lidar com essas questões.
Teco Medina, economista
Tales: Boicote ao Carrefour pode impactar preço da carne no Brasil
A briga entre os produtores brasileiros e o Carrefour pode impactar no preço da carne para os brasileiros, afirmou o colunista Tales Faria mais cedo no UOL News desta segunda (25).
O Carrefour decidiu suspender a compra de carnes do Mercosul. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, criticou a medida, dizendo que ela "reflete um protecionismo desproporcional" do país europeu. Ele ainda apoiou a decisão dos frigoríficos de interromper a venda de produtos para a rede.
É possível haver impacto sobre o preço da carne. Na prática, mantém-se uma oferta mais robusta do que a procura. Corta-se uma parte dos compradores de carne aqui no Brasil, no caso, do Carrefour.
Não sei a proporção exata da carne comprada pelo Carrefour e da importância que isso tem no total vendido no Brasil, mas não deve ser desprezível. Então, essa é uma questão que realmente precisa ser levada em conta.
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Quero receberO papel do Fávaro é levar em conta não só o interesse da indústria, como também o do consumidor final. Isso é algo que o ministro deve sopesar: isso vai doer ou não no bolso do brasileiro? O que se pode fazer para mitigar esse impacto que, do ponto de vista teórico, é provável que exista? Tales Faria, colunista do UOL
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Josias: Janja não conseguiu influenciar Lula em decisões sobre mulheres
Apesar de buscar maior presença no governo, a primeira-dama e socióloga Rosângela da Silva, a Janja, não consegue cumprir seu papel de influenciar seu marido, o presidente Lula, em tomar decisões mais "contemporâneas" em relação às mulheres, analisou o colunista Josias de Souza ao UOL News.
O Lula é um personagem, um senhor de idade, algumas coisas ele precisa realmente evoluir. Mas, mesmo nisso, ela não atingiu o objetivo dela.
Nós sabemos daquele episódio, por exemplo, envolvendo a ministra Anielle Franco, que foi importunada pelo então colega de ministério [Direitos Humanos e da Cidadania], Silvio Almeida. E a Janja soube antes. Nem por isso o governo tomou atitude, nem por isso o governo afastou o Silvio Almeida, só afastou o Silvio Almeida quando o caso virou escândalo no noticiário. Então, ali ela não teve força para influir em seu marido de forma adequada.
Então, mesmo esse papel que ela dizia que exerceria, não está exercendo. Acho que ela deixa a desejar naquilo que ela poderia ter relevância - influir em seu marido para tomar decisões mais contemporâneas em relação às mulheres, e ela mete os pés pelas mãos quando xinga o bilionário [Elon Musk] que vai ter um posto chave no governo do Donald Trump.
Josias de Souza, colunista do UOL
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Josias: Na falta de defesa crível sobre golpe, Bolsonaro joga pelo tumulto
Josias também disse mais cedo no programa que, com provas contundentes de seu envolvimento na trama golpista, Jair Bolsonaro busca tumultuar o ambiente ao recriar o antipetismo e explorar a imagem negativa do STF (Supremo Tribunal Federal).
Em post no X, o ex-presidente citou uma reportagem do jornal norte-americano 'The New York Times', que acusou o STF de promover o desmonte da Lava Jato ("uma das maiores ações anticorrupção da história recente", na avaliação da publicação), para se defender das acusações de ser um dos líderes da tentativa de golpe de Estado após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições presidenciais de 2022.
Bolsonaro frequenta esse inquérito sobre a trama golpista como um personagem indefensável. As provas contra ele são muito eloquentes. Na falta de uma defesa crível, ele joga no tumulto. Bolsonaro tenta recriar um ambiente antipetista, que lá atrás, em 2018, foi a alavanca que o levou à presidência da República, e explorar a imagem negativa de que dispõe o Supremo hoje. Mas ele não tem autoridade para falar sobre aquilo que está pretendendo dizer. Josias de Souza, colunista do UOL
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