Número de domésticas com 40 anos ou mais salta de 30% para 73% em 25 anos
O perfil das empregadas domésticas da região metropolitana de São Paulo mudou nos últimos 25 anos, especialmente em relação à idade. Em 1992, 29,7% das trabalhadoras tinham 40 anos de idade ou mais. Esse percentual saltou para 72,7% em 2017.
Em contrapartida, houve uma queda no número de domésticas na faixa etária entre 25 e 39 anos: caiu de 40% para 24,4% no mesmo período.
Os dados são de uma pesquisa da Fundação Seade, com base na Pesquisa de Emprego e Desemprego na Região Metropolitana de São Paulo, e foram divulgados nesta quarta-feira (18). No Brasil, há cerca de 7 milhões de trabalhadores domésticos, de acordo com dados de 2017 da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
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Aumento de escolaridade, mais opções de trabalho
De acordo com a Fundação Seade, isso pode estar relacionado à falta de renovação da mão de obra na atividade.
"Antes, o emprego doméstico era uma das poucas portas de entrada no mercado de trabalho para as mulheres de baixa renda e com pouca escolaridade, pois não exigia qualificação alguma. Isso vem mudando. Com o aumento da escolaridade, elas tiveram outras opções para entrar no mercado de trabalho, principalmente nas áreas de telemarketing, comércio e serviços”, afirma Márcia Guerra, pesquisadora do Seade.
Além da faixa etária, o estudo mostra que as empregadas domésticas têm baixa escolaridade (43,6% possuem apenas o fundamental incompleto), são negras (55,4% do total) e têm maiores responsabilidades à frente de sua família (39,2% são responsáveis pelo sustento da casa).
Dormir no emprego: caiu de 22,8% para 1%
Outro ponto do estudo que chama a atenção é em relação às empregadas domésticas que dormem na casa onde trabalham. Essa prática, diz o estudo, caiu drasticamente nos últimos 25 anos: de 22,8%, em 1992, para 1%, em 2017.
"O mundo mudou. Elas constituíram família e prezam por isso, e tiveram acesso a moradias. Antes, o perfil era daquela migrante que vinha sozinha para São Paulo e tinha que dormir no local de trabalho. Hoje, não. Elas têm casa e não dependem mais de dormir no serviço", diz Márcia.
Trabalham longe de casa
Os números do estudo mostram também que tem diminuído a proporção de empregadas domésticas que moram e trabalham no mesmo município da região metropolitana de São Paulo. Em 1992, esse percentual era de 85,5%; no ano passado, foi de 78,6%.
“Para chegar aos empregos, que estão concentrados no centro expandido de São Paulo, as empregadas domésticas têm de enfrentar o deslocamento entre a sua casa e o local de trabalho e as dificuldades de acesso aos meios de transporte. Isso afeta a qualidade de vida dessas trabalhadoras”, diz a pesquisadora.
85,2% das mensalistas não pagam INSS
Entre as empregadas mensalistas sem carteira assinada, 85,2% não contribuíram para a Previdência Social em 2017. Esse número é semelhante entre as diaristas (79,6%).
“Desde 2015 as diaristas têm direito de se cadastrar no MEI [microempreendedor individual], para que contribuam com o INSS e tenham acesso a alguns direitos previdenciários. No entanto, notamos que, de lá para cá, tem aumentado a proporção de diaristas que não contribuem para a Previdência Social”, diz a pesquisadora.
Veja a íntegra do estudo aqui.
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