Caixa pede que clubes não utilizem mais sua marca nos uniformes, diz fonte
A Caixa Econômica Federal é a maior patrocinadora do futebol brasileiro. A marca esteve na camisa de 24 clubes e foi apoiadora de sete campeonatos estaduais durante o ano de 2018. Mas a "era Caixa" no esporte nacional está perto do fim.
Um executivo de marketing de um dos times patrocinados pela estatal afirmou que a direção do banco já solicitou que a marca seja retirada dos uniformes das equipes.
"Diferente do que acontecia antigamente, a Caixa pediu que os clubes retirem o logo das camisas. Em outras negociações de renovação do contrato, os clubes permaneciam com a marca, em sinal de respeito ao acordo que tinha acabado de terminar", disse o profissional, que pediu para não ser identificado.
Um dos motivos do pedido do banco são os campeonatos estaduais, que, em sua maioria, começam no próximo final de semana. Das 24 equipes que a Caixa patrocina hoje, apenas duas permanecem com contratos ativos até o final de fevereiro deste ano: o Botafogo (RJ) e o Sport Recife (PE).
Na semana passada, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que "às vezes, é possível fazer coisas cem vezes melhores com menos recursos do que gastar com publicidade em times de futebol".
O dirigente do clube afirmou que o processo de renovação de contrato continua normalmente, como foi realizado em outros anos. "A direção da Caixa nos pediu uma proposta de renovação e enviamos, como fizemos das outras vezes. Os contratos estão em análise. Por enquanto, é o que sabemos", declarou.
Segundo a "Folha", a Caixa investiu R$ 191,7 milhões em patrocínios no futebol em 2018. O banco aposta no futebol desde 2012, quando fechou patrocínio com Athletico Paranaense, Avaí e Figueirense. Desde então, a empresa investiu R$ 663,6 milhões em todos os acordos. Em fevereiro de 2017, a Caixa estampava o uniforme de nada menos do que 17 times dos 20 clubes da primeira divisão do futebol brasileiro.
Consultor é contrário ao fim dos patrocínios
Oliver Seitz, consultor de gestão de clubes de futebol e diretor do mestrado em Negócios do Futebol do Instituto Johan Cruyff e do FC Barcelona, afirmou que os contratos de patrocínio devem ser analisados e ajustados, mas disse ser contra o fim das parcerias.
"O início dos patrocínios pode ter sido político. Mas a estratégia deu certo, e talvez não seja correto acabar com as parcerias também por motivação política", diz o consultor.
A mensuração de retorno de patrocínio é um índice que varia de anunciante para anunciante. O acordo da Caixa, por exemplo, possui gatilhos contratuais que são relacionados ao desempenho esportivo e alcance da marca nas redes sociais.
Segundo Seitz, uma dessas métricas deveria ser a comparação do quanto a empresa lucrava antes do patrocínio e o quanto ela passou a lucrar depois.
"Logicamente, isso precisa ser colocado e ponderado dentro de um grande contexto operacional e financeiro, mas, em última análise, é o que realmente conta para quem tem a caneta", afirmou.
Segundo dados levantados pelo consultor a partir de análises realizadas nos balanços financeiros da Caixa, o banco dobrou seu faturamento desde que entrou no futebol.
"Se nos quatro anos anteriores o seu crescimento anual foi de 4%, depois de investir no futebol o crescimento passou a 6% ao ano. Jogue na conta a crise econômica que assolou o Brasil nesse período, e o resultado apresenta indícios de que talvez o futebol não seja um dinheiro tão mal gasto assim", afirmou.
Se levarmos em consideração o lucro do banco, o resultado do período fica mais claro. "Quatro anos depois de iniciar o investimento, a média de lucro líquido do banco cresceu 36% em relação ao mesmo período anterior. No melhor ano pós-futebol (2017), o lucro foi quase três vezes maior que no melhor ano antes do futebol", declarou.
Seitz destaca que a associação da marca ao futebol, somada à capilaridade do futebol, foi muito positiva para a Caixa. "Logicamente, não dá para dizer que o futebol fez com que a Caixa alcançasse receitas e lucros recordes. Mas dá para dizer que o banco tem acelerado seu crescimento de receita e de lucratividade", declarou.
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