Após fala de Bolsonaro sobre verba publicitária, associação pede diálogo
A Abap (Associação Brasileira das Agências de Publicidade) pediu "diálogo com o novo governo" para explicar "como é a atual regra de compra de mídia no Brasil". A associação se posicionou depois de o presidente Jair Bolsonaro ter afirmado, na segunda-feira (7), que pretende acabar com o "BV" (bonificação por volume), prática comum na publicidade brasileira.
"Vamos buscar junto ao Parlamento brasileiro a questão do BV. Isso tem que deixar de existir. Eu aprendi há pouco o que é isso e fiquei surpreso e até mesmo assustado. Vamos eliminar essas questões para que a imprensa possa cada vez mais fazer um bom trabalho no Brasil", afirmou o presidente, durante seu discurso na posse dos presidentes dos bancos públicos. Segundo o presidente, isso ajudaria a "democratizar as verbas publicitárias".
A bonificação por volume é uma negociação comum entre agências de publicidade e veículos de comunicação. O "BV" pode ser considerado um programa de incentivo: quanto mais se anuncia num determinado veículo, maior o desconto que a agência consegue. A remuneração, que já chegou a 20%, hoje gira em torno de 5% do total da verba investida.
Lei foi sancionada por Lula
Em seu discurso, Bolsonaro criticou expressamente a Lei 12.232/2010, sancionada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que regulariza a negociação também em contratos que envolvem anunciantes do governo federal.
Segundo o parágrafo único do artigo 15, "pertencem ao contratante as vantagens obtidas em negociação de compra de mídia diretamente ou por intermédio de agência de propaganda, incluídos os eventuais descontos e as bonificações na forma de tempo, espaço ou reaplicações que tenham sido concedidos pelo veículo de divulgação".
Abap fala em 'crenças e mitos'
Para a Abap, fundada em 1949 e maior organização do setor na América Latina, a conversa é importante porque irá "desfazer crenças e mitos" de que o mercado brasileiro não possui boas práticas nesse segmento.
A Abap afirmou, ainda, que "o nível de sofisticação dos profissionais de mídia e das ferramentas técnicas utilizadas pelas agências de publicidade brasileiras são referência no mundo", que todos os planos de mídia são adquiridos com a expressa aprovação da equipe de marketing do cliente e que os "planos de incentivos são utilizados por quase todas as grandes atividades do país e convivem em harmonia com os fundamentos do liberalismo econômico".
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