Governadores divergem sobre isolamento e 'lockdown' em meio à pandemia
A pandemia do novo coronavírus terá efeitos na economia do Brasil. Mas como os governadores estão fazendo para lidar com esse conflito agora e no futuro? A questão foi debatida no UOL Debate de hoje, que reuniu os governadores de três estados: Eduardo Leite (PSDB), do Rio Grande do Sul; Renato Casagrande (PSB), do Espírito Santo; e Mauro Mendes (DEM), do Mato Grosso.
Para Casagrande, a meta neste momento é aumentar o número de testes para diagnosticas a covid-19. Ao mesmo tempo, manter o comércio fechado para explicar a gravidade da situação à população.
"Precisamos conhecer o comportamento do vírus para que possa projetar o crescimento da pandemia no estado. Nós tomamos uma decisão: o comércio está fechado há mais ou menos 15 dias para dar um choque nas pessoas, que a vida mudou", explicou. "O choque de realidade é para ter condição de preparar também leitos de UTI, enfermaria, para que possa suportar esse momento."
Segundo o governador do Espírito Santo, as políticas de distanciamento social são necessárias para que o estado tenha condição de retomar a rotina, quando possível, em segurança.
Para Renato Casagrande, é necessário combater o novo coronavírus antes de pensar na questão econômica do estado. A prioridade, neste momento, é a saúde da população.
"Quem causa a crise é a pandemia. As medidas de isolamento social são um remédio que salva vidas. É praticamente impossível dizer agora quanto tempo a gente vai ter atividades econômicas paralisadas. A gente vai acompanhando dia após dias", disse.
Hoje, o governador capixaba prevê um cenário mais controlado entre julho e agosto, "quem sabe um pouco mais adiante".
"Quem vai definir se uma atividade vai ficar efetivamente fechada vai depender muito da disciplina da pessoa, para que evitem o contato. A gente pode deixar funcionar algumas atividades, mas se algumas pessoas não compreenderem a necessidade de manter distanciamento, aí poderá vir uma obrigação para que a gente tenha um fechamento mais intenso", argumentou. "vai depender muito do que a gente conquistar."
"Fôlego na hora certa"
No Mato Grosso, por outro lado, Mauro Mendes pediu bom senso, moderação e "decisões sensatas" no fechamento de estabelecimentos comerciais.
"Em nosso estado, vimos prefeitos que não têm nenhum caso suspeito e o cara decretou o 'lockdown' na cidade dele", disse o governador, que citou um decreto para estabelecer conceitos de contaminação local "para dar mais racionalidade para essas tomadas de decisão".
"Não posso, aqui em Mato Grosso, dar o mesmo tratamento no início da crise que São Paulo deu. Esta racionalidade perdeu um pouco diante do bombardeiro de informações", disse.
"Economia é importante, vidas são importantes. A virtude está no equilíbrio, para tomar decisões sensatas. No momento, vários gestores tomando decisões por pressão da mídia. Temos centenas de exemplos", argumentou.
No caso do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite adota uma postura cautelosa. "É como prender a respiração. Você prende a respiração antes de mergulhar, não prende a respiração tanto tempo antes porque pode faltar fôlego quando você mais precisar", disse, em analogia a prefeitos que adotaram medidas restritivas mesmo sem casos nas cidades.
"O comércio não essencial está vetado pelos próximos 15 dias para que possamos ter toda estrutura montada para suportar o crescimento (do número de casos). Vai ter coronavírus, não tem como. É sobre reduzir contatos, restringir para que possamos ter capacidade da nossa rede hospitalar de atendimento. Que não venhamos perder vidas por falta de estrutura", acrescentou.
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