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UOL vence Prêmio Vladimir Herzog, especializado em direitos humanos

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Imagem: Arte UOL

Do UOL, em São Paulo

13/10/2022 17h59Atualizada em 13/10/2022 18h27

A reportagem "Mortes invisíveis", do núcleo investigativo do UOL, foi a vencedora da categoria multimídia da 44ª edição do Prêmio Vladimir Herzog, focado em direitos humanos e uma dos principais premiações de jornalismo no Brasil.

A reportagem foi escrita por Amanda Rossi, Saulo Pereira Guimarães e José Dacau, com edição de Flávio Costa, Lúcia Valentim Rodrigues e Olívia Fraga, artes de Yasmin Ayumi, direção de arte de Gisele Pungan e René Cardillo e filmagens de Douglas Lambert.

Levantamento mostrou que 201 corpos foram encontrados em valas clandestinas nos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro, desde 2016. Desse total, apenas 67 cadáveres receberam identificação. O número pode ser ainda maior, já que o Disque-Denúncia registrou 320 relatos sobre "cemitérios clandestinos" só no estado do Rio de Janeiro.

A investigação de quatro meses também revelou que há hoje 26 mil restos mortais não identificados no Brasil. Ossadas, arcadas dentárias e outras amostras compõem esse acervo que, devido à escassez de recursos e de pessoal qualificado, não teve sua origem esclarecida. O esforço de reportagem fez o Senado Federal cobrar explicações das autoridades.

"Esse é um furo clássico de reportagem, ao falar de um tema que não era colocado", avaliou o jurado Thiago Tanji, presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo.

"Chama a atenção o volume de informação que foi apurada, informações que o poder público não tinha", disse Giuliano Galli, coordenador de Jornalismo e Liberdade de Expressão do Instituto Vladimir Herzog.

"Depois que eu li a reportagem, algumas das informações eu não conseguia lembrar se estavam em formato de texto, gráfico, vídeo. Isso é um super mérito da reportagem, conseguir colocar as informações de diferentes formas, mas todas absolutamente relevantes para compreensão da matéria", continuou Galli.

"Chama a atenção o volume de informação que foi apurada, informações que o poder público não tinha", disse Giuliano Galli, coordenador de Jornalismo e Liberdade de Expressão do Instituto Vladimir Herzog.

"Depois que eu li a reportagem, algumas das informações eu não conseguia lembrar se estavam em formato de texto, gráfico, vídeo. Isso é um supermérito da reportagem: conseguir colocar as informações de diferentes formas, mas todas absolutamente relevantes para a compreensão da matéria", continuou Galli.

Ao todo, concorreram 528 produções avaliadas em sete categorias: Arte, Fotografia, Texto, Vídeo, Áudio, Multimídía e Livro-reportagem.

A escolha dos vencedores foi feita hoje em São Paulo. A cerimônia de entrega será no dia 25 no Tucarena, também em São Paulo, com transmissão pela TV PUC.

Em julho, a série há havia ganhado menção honrosa no Prêmio CICV de Cobertura Humanitária.

Homenageados

Neste ano, as jornalistas Kátia Brasil e Elaíze Farias, criadoras do portal de notícias Amazônia Real, e o médico infectologista Drauzio Varella recebem o troféu símbolo do prêmio. O repórter Dom Phillips, morto durante o exercício do jornalismo, será homenageado in memoriam pela trajetória marcante no jornalismo em defesa do meio ambiente, na preservação da floresta amazônica e de seus povos.

Já o Prêmio Especial de Contribuição ao Jornalismo será dedicado aos trabalhadores da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) pela resistência na defesa da comunicação pública.

O Prêmio Vladimir Herzog é promovido pela Associação Brasileira de Imprensa, pela Federação Nacional dos Jornalistas, pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, pela Sociedade Brasileira dos Estudos Interdisciplinares da Comunicação, pela ECA (Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo), pela Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo, pela Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo, pela Conectas Direitos Humanos, pelo Conselho Federal da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil); pela OAB-SP, pela Periferia em Movimento e pelo Instituto Vladimir Herzog.