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Gleisi rebate 'cala boca' de Guedes e critica trabalho: 'Seu tempo acabou'

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, durante visita ao CCBB em Brasília - Fátima Meira/Estadão Conteúdo
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, durante visita ao CCBB em Brasília Imagem: Fátima Meira/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

18/11/2022 21h02Atualizada em 18/11/2022 21h42

A presidente do PT e deputada federal Gleisi Hoffmann rebateu as críticas do atual ministro da Economia, Paulo Guedes, aos temas trabalhados pelo governo de transição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Gleisi também criticou a política econômica do governo de Jair Bolsonaro (PL), citando o teto de gastos, desempenho do PIB (Produto Interno Bruto), inflação, entre outros indicadores.

"Cala boca já morreu, Guedes. Teto estourou em 800 bilhões, PIB é 129º no ranking mundial, investimento 27,3% abaixo do resto planeta, maior inflação em 27 anos, queda na renda, emprego precário e volta da fome. Seu tempo acabou, vai pra casa", escreveu a presidente do PT no Twitter.

Hoje, no primeiro pronunciamento desde a eleição, Guedes falou sobre o teto de gastos e a fome no Brasil. O ministro também procurou humanizar o chefe do Executivo.

"40 milhões de pessoas passando fome, onde estavam essas pessoas que não descobriram antes? Estavam já passando fome no governo deles [PT], mas nós descobrimos os invisíveis. É válido para ganhar a eleição, mas já ganhou, cala a boca, vai trabalhar, vai construir um negócio melhor", disse em evento do Ministério da Economia para celebrar os 30 anos da Secretaria de Política Econômica.

O 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, realizado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, demonstrou que a pandemia agravou a fome no Brasil.

Em 2022, o país tem 33,1 milhões de pessoas nessa situação de falta de garantias de alimentos, o que representa 14 milhões de brasileiros a mais em insegurança alimentar que em 2020.

Nas críticas ao novo governo Lula, Guedes disse que a gestão Bolsonaro disparou "o maior programa social que já houve, e com responsabilidade fiscal", em referência ao Auxílio Brasil — o programa é o Bolsa Família, que foi rebatizado por Bolsonaro e agora voltará ao nome original.

Teto de gastos. O governo de transição entregou na quarta-feira (16) o texto da PEC da Transição, uma proposta de espaço fiscal de R$ 200 bilhões que propõe deixar o Bolsa Família de fora do teto de gastos para viabilizar a manutenção de programas sociais e o cumprimento de promessas feitas por Lula durante a campanha eleitoral - como o aumento do salário mínimo acima da inflação, a partir de janeiro de 2023.

O ministro da Economia de Bolsonaro aproveitou para criticar a ideia e ressaltou a importância de manter a regra que controla os gastos de acordo com a inflação. Ao mesmo tempo, admitiu que a gestão atual furou o teto "em situações excepcionais em que o teto foi mal construído".

Se tem lareira em casa, é bom ter chaminé, um teto mal construído, se pegar fogo na casa morre todo mundo asfixiado. O teto foi mal construído, por exemplo, em 2019, chegamos com a mentalidade mais Brasil para transferir recursos para estados e municípios, mas não podia porque estourava o teto, mal construído

No entanto, o governo Bolsonaro não abriu excepcionalidades apenas em 2019. Segundo um levantamento feito pelo economista Bráulio Borges, pesquisador do FGV IBRE (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas) a pedido da BBC News Brasil, os gastos além do teto ao longo dos quatro anos do atual governo somam R$ 794,9 bilhões.