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Sócio da 123milhas pede desculpa em CPI e culpa mercado aéreo aquecido

Do UOL, em Brasília

06/09/2023 12h35Atualizada em 06/09/2023 13h35

Sócio da 123milhas, Ramiro Madureira culpou um modelo de negócios "equivocado" como causa da bancarrota da empresa que afetou cerca de 150 mil de pessoas. Durante depoimento na CPI das Pirâmides Financeiras, ele pediu desculpas aos clientes lesados.

Não há como de deixar de nos desculpar novamente com todos aqueles que foram prejudicados por um modelo de negócios, por uma linha de negócios que se mostrou equivocada.
Ramiro Madureira, sócio e diretor da empresa 123milhas

Os erros da 123milhas

Antes de prestar depoimento, os donos da 123milhas haviam faltado duas vezes. O diretor chegou a pedir audiência com o ministro do Turismo no mesmo dia e hora do compromisso com a CPI para ter uma desculpa para não comparecer.

Ele chegou a ser proibido de deixar o país até ser ouvido pela comissão. Houve inclusive ameaça de condução coercitiva, medida que seria acionada em caso de falta nesta quarta-feira.

Ramiro Madureira associou a quebra da 123milhas a uma leitura errada do setor aéreo aéreo nacional. Ele declarou que o mercado ficou aquecido como na alta temporada, diferentemente do esperado pela empresa.

O diretor afirmou que o problema se deu na categoria promo —que responde por 15% dos negócios. Trata-se de uma venda em que o cliente aceita viajar um dia antes ou depois da data escolhida. A flexibilidade permitiria comprar passagens mais baratas.

Acreditávamos que o custo [da passagem] diminuiria com o tempo à medida que ganhávamos eficiência na tecnologia da sua operação [sistema de compra] e que o mercado de aviação fosse se recuperando dos efeitos da pandemia. Uma tendência que projetamos na época e se revelou precisamente o oposto.
Ramiro Madureira, diretor da 123milhas

A empresa suspendeu a emissão de passagens já vendidas em 18 de agosto e afetou pessoas que viajariam entre setembro e dezembro deste ano.

A 123milhas informou que devolveria os valores desembolsados, mas em forma de vouchers. O sistema gerou reclamações porque o cliente entregou dinheiro e recebeu outra mercadoria. Além disso, houve casos de vouchers em valores inferiores.

A CPI quebrou o sigilo financeiro da 123milhas e a empresa entrou na Justiça para tentar derrubar esta medida. O pedido não foi acatado pela ministra Cármen Lúcia, do STF (Supremo Tribunal Federal).

No ano passado, a empresa se tornou a maior agência de viagens online do Brasil, o que dá dimensão do número de clientes lesado. A estimativa da empresa é que somente entre setembro e dezembro 150 mil pessoas deixarão de voar. O número poderá aumentar se as passagens vendidas para janeiro de 2024 em diante também não forem honrados.

O número pode aumentar porque não há definição de como ficará a situação de clientes que viajarão a partir de janeiro. O destino destas passagens será decidido pela recuperação judicial da 123milhas.

Madureira disse que cortou o investimento em marketing para fazer caixa e honrar as passagens vendidas. Segundo o Kantar Ibope Media, a agência online de viagens era a segunda maior anunciante do Brasil, tendo investido R$ 1,18 bilhão em propaganda no ano passado.

O sócio declarou que o número está errado e que seu irmão, Augusto Madureira, dará maior explicações quando for ouvido pela CPI. Os dois são sócios na empresa.

Presidente da CPI, o deputado Aureo Ribeiro (Solidariedade-RJ) afirmou que o modelo de negócio da linha promo se assemelha a uma pirâmide financeira. Ele foi o responsável pelo pedido de convocação dos administradores da 123milhas.

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