'Não' às privatizações: por que Metrô, CPTM e Sabesp entraram em greve hoje

Estações de quatro linhas do Metrô de São Paulo e da maioria das linhas da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) amanheceram fechadas nesta terça-feira (3). Os servidores estão em greve conjunta com a Sabesp contra o plano de privatizações do governo paulista.

Reivindicações

Servidores protestam contra privatizações do Metrô, CPTM e Sabesp. Os sindicatos argumentam que as desestatizações vão piorar a qualidade dos serviços, citando como exemplos as Linhas 8 e 9 da CPTM, que acumularam 166 falhas no primeiro ano de gestão da ViaMobilidade, e os problemas de saneamento no Rio de Janeiro sob o comando da Cedae.

Sindicato quer que população seja "ouvida" sobre privatizações. "Nas audiências públicas, a população fala, mas quem decide é o governador junto com os grandes empresários, que lucram muito prestando um péssimo serviço", disse Narciso Soares, vice-presidente do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, em participação no UOL News.

Líder sindical propõe plebiscito sobre a venda da Sabesp. Segundo Soares, os servidores em greve querem que o governo organize uma consulta popular sobre o tema. Uma pesquisa feita em abril pelo Datafolha mostrou que a maioria (53%) da população de São Paulo é contra a privatização da companhia de saneamento.

Greve é abusiva, ilegal e política, diz governador de São Paulo. Em coletiva, Tarcísio de Freitas (Republicanos) criticou a paralisação e disse que o governo vai continuar estudando as privatizações no metrô e na CPTM. "A da Sabesp está mais adiantada, com consulta às prefeituras e ao TCM [Tribunal de Contas do Município]", destacou.

Esta é a segunda greve no Metrô e na CPTM em 2023. A primeira aconteceu em março. Na ocasião, os metroviários pediam reajustes salariais e melhores condições de trabalho.

Nossa luta tem a ver com defender os trabalhadores que utilizam o transporte público e o saneamento básico. A privatização, como têm demonstrado as linhas 8 e 9, só tem trazido pioras aos trabalhadores, que passam sufoco todo dia.
Narciso Soares, do Sindicato dos Metroviários (SP)

Plano de privatizações

"Pacotão" de privatizações inclui Metrô, Sabesp e trem até Campinas. Ao todo, o PPI (Programa de Parcerias e Investimentos) do estado de São Paulo tem 17 projetos de privatização e PPPs (Parcerias Público-Privadas). A construção do trem que ligará a capital a Campinas e a concessão da Linha 7-Rubi da CPTM já têm leilão marcado para fevereiro de 2024.

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Governo contratou estudo de R$ 62 milhões para concessão do Metrô. O objetivo é fazer a "avaliação das estratégias de participação do setor privado para expandir a capacidade de investimento" no transporte público paulista. O estudo vai ser investigado pelo Ministério Público de Contas do estado após denúncias da oposição sobre supostas irregularidades.

Modelo de privatização da Sabesp já foi definido. Segundo o governador Tarcísio de Freitas, será feito um "follow-on": o estado vai vender ações da companhia e deixará de ser o controlador. Hoje, o governo paulista detém 50,3% de participação na Sabesp. A oposição também questionou à Justiça o estudo que levou à escolha desse formato.

Governo diz que consulta popular faz parte do processo de privatização. "Existe o momento e o foro adequados para dar contribuições. Mas a discordância não pode ser motivo de paralisação", disse Tarcísio. A presidente do Sindicato dos Metroviários (SP), Camila Lisboa, alega não há previsão de consulta à população sobre o leilão da Linha 7 da CPTM.

Tarcísio já disse que não vai rever concessões, mesmo em meio a falhas. Em fevereiro, o governador de São Paulo criticou o Ministério Público estadual por pedir o fim do contrato de concessão das Linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda. "Não tem posicionamento a favor da ViaMobilidade, tem posicionamento a favor do usuário", afirmou à época.

Infelizmente aquilo que a gente esperava está se concretizando. Temos aí uma greve de Metrô, CPTM, uma greve ilegal, uma greve abusiva, uma greve claramente política, uma greve que tem como objetivo a defesa de um interesse muito corporativo.
Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo

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