Um terço do que é investido em saúde no Brasil é desperdiçado, diz Einstein

Estima-se que um terço de tudo o que é investido em saúde no Brasil seja desperdiçado, e a tecnologia pode ajudar a diminuir a perda de recursos. É o que diz Sidney Klajner, presidente do Einstein, em entrevista ao UOL Líderes.

O que ele disse

Um terço do que é investido em saúde no país é desperdiçado. Segundo Klajner, o desperdício ocorre, por exemplo, quando um paciente com um quadro gripal procura o um hospital preparado para fazer um transplante. Para reduzir o desperdício, é necessário melhorar a atenção primária à saúde e investir em tecnologia, com o uso da telemedicina, diz.

Piso nacional da enfermagem é "impossível". Para Klajner, os profissionais de saúde devem ser bem remunerados, mas é preciso considerar as disparidades regionais. Segundo ele, o Einstein, que fica em São Paulo, já pratica o que o piso da enfermagem determina. Mas, a realidade seria diferente em Manaus, exemplifica. "Na minha visão, é impossível", diz.

Brasil vai envelhecer rápido e precisa envelhecer bem. Segundo ele, em 30 anos, a população de idosos vai dobrar no Brasil. E para envelhecer com saúde o país precisa tanto melhorar o manejo de doenças crônicas quanto investir em qualidade de vida, o que inclui temas como segurança, mobilidade urbana e saúde mental.

Einstein retornou cerca de R$ 1 bilhão ao SUS entre 2021 e 2023. O Einstein tem imunidade fiscal por ser uma entidade filantrópica. Esse montante de impostos não pagos é revertido para o PROADI-SUS (Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde), com ações como atendimentos via telemedicina e o programa de transplantes gerido pela entidade. No triênio entre 2021 e 2023, o montante foi de cerca de R$ 1 bilhão. O Einstein também faz a gestão de hospitais e unidades de saúde pública em São Paulo e em Goiânia.

Cirurgia robótica tem visão 3D e filtra tremores. Cirurgião, Klajner falou sobre as vantagens de uma cirurgia feita por robôs. A precisão do robô é maior, com rotação 360º e visão 3D, e o pós-operatório, mais rápido, diz. O Einstein tem hoje 12 robôs para cirurgia.

Você pode assistir a entrevista em vídeo no canal do UOL no YouTube ou ouvi-la no podcast UOL Líderes. Veja a seguir destaques da entrevista:

Desperdício na saúde

Estima-se que um terço de tudo o que é investido em saúde seja desperdício. Um paciente que tem um quadro gripal e procura o pronto socorro de um hospital terciário é um desperdício enorme de recurso. Mais de 35% das internações poderiam ser evitadas com uma atenção primária eficiente. Então, existem oportunidades de investimento, e principalmente, o emprego de tecnologia para evitar que o desperdício aconteça. Telemedicina a gente sabe que resolve 80% das doenças leves.

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Piso da enfermagem

Não dá para estabelecer um piso salarial que seja uma lei federal, porque região Sul e Sudeste é muito diferente da região Norte. Há a necessidade de boa remuneração de vários profissionais de saúde, mas têm que ser respeitadas as disparidades que existem em cada região. Na minha visão, é impossível. Nós já praticamos aquilo que o piso preconiza, mas estamos em São Paulo. Se eu fizer isso com um enfermeiro em Manaus, certamente lá eu não teria receita para que esse piso fosse cumprido.

Envelhecimento

Os países europeus se preparam 100 anos para envelhecer. O Brasil não vai ter esse tempo. Em 30 anos, vai dobrar a população de idosos. O que a gente precisa é envelhecer com saúde. Significa o manejo de doença crônicas, ter locais que permitam saúde mental, locais de lazer, segurança, acesso a serviços de saúde, mobilidade urbana, o que envolve o tempo que se perde em trânsito, atenção primária. Tudo isso é o envelhecimento saudável. A lição de casa é grande.

Atuação na saúde pública

Temos uma base muito forte de responsabilidade social. Conseguimos isso através de parcerias governamentais. Com a Prefeitura de São Paulo, temos 30 unidades entre AMAs, UBSs, e dois hospitais públicos, o Vila Santa Catarina, e o do Boi Mirim. Temos outro hospital público em Goiânia, além de projetos de apoio ao SUS.

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Todo o montante da imunidade fiscal que nós temos por ser uma entidade filantrópica nós retornamos nós retornamos a população em forma de projetos direcionados ao SUS, com ações como o uso de tecnologia para atender populações em locais remotos e o programa de transplantes. Esse montante é calculado no triênio e chega perto de R$ 1 bilhão.

Cirurgia robótica

A cirurgia robótica são braços robóticos controlados pelo ser humano. Ele tem uma rotação de punho de 360º, filtragem de tremores, tem a possibilidade de fazer o movimento mais lento que o meu, tem visão 3D, eu me sinto dentro de uma cavidade abdominal. O Einstein hoje é o maior parque robótico da América Latina, com 12 robôs. O pós-operatório é melhor que o da laparoscopia. Você opera de manhã e às vezes na hora do almoço não tem coragem de deixar o paciente internado. Eu acredito que cada vez mais isso vai se sofisticar.

Quem é Sidney Klajner

Formação: Tem graduação, residência e mestrado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Carreira: Sidney Klajner atua como cirurgião no Einstein há 31 anos. É presidente da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein e membro do Conselho Consultivo da Fundação Faculdade de Medicina.

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Assim é o Einstein

Fundada em 1955, a Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein é uma entidade sem fins lucrativos com foco em saúde.

Unidades de saúde: Tem 21 unidades de atendimento privado, e faz a gestão de 30 unidades públicas, sendo 29 de saúde e uma de educação.

Pacientes: Atende cerca de 230 mil pacientes por dia na assistência privada e 246 mil pacientes por dia na saúde pública.

Colaboradores: 20 mil

Receita líquida em 2022: R$ 4,9 bilhões

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