Copom mostra preocupação com inflação, mas projeta novos cortes nos juros
Do UOL, em São Paulo
06/02/2024 08h08Atualizada em 06/02/2024 08h40
O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central projeta novos cortes de 0,5 ponto percentual na taxa Selic, mas fala em "fatores de risco".
O que aconteceu
Comitê mostrou preocupação com inflação, conforme ata da última reunião. "A conjuntura, em particular devido ao cenário internacional, segue incerta e exige cautela na condução da política monetária".
Mesmo assim, o grupo concordou com a expectativa de corte de 0,5 ponto percentual nas próximas reuniões. "Os membros do Copom avaliaram que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário".
Na quarta (31), o Copom decidiu reduzir a Selic em 0,5 ponto percentual, de 11,75% para 11,25% ao ano. É a quinta queda consecutiva e o menor patamar para a Selic desde março de 2022.
Ainda não se sabe até quando o Copom vai reduzir a taxa de juros. O Comitê afirma que a existe uma necessidade de continuar com a política monetária contracionista até que se consolide um processo de desinflação e também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas, ou seja, a garantia de que o BC conseguirá cumprir as metas de inflação previstas para os próximos anos. A meta de inflação para 2024 é de 3%.
As expectativas de inflação seguem desancoradas e são um fator de preocupação. O Comitê avalia que a redução das expectativas requer uma atuação firme da autoridade monetária, bem como o contínuo fortalecimento da credibilidade e da reputação tanto das instituições como dos arcabouços fiscal e monetário que compõem a política econômica brasileira.
O Comitê analisou vários cenários prospectivos, caracterizados por diferentes trajetórias nos ambientes doméstico e internacional. Debateu-se então a estratégia e a extensão de ciclo apropriados em cada um desses cenários. Optou-se por manter a comunicação recente, que já embute a condicionalidade apropriada em um ambiente incerto, especificando o curso de ação caso se confirme o cenário esperado. Com relação aos próximos passos, os membros do Comitê concordaram unanimemente com a expectativa de cortes de 0,50 ponto percentual nas próximas reuniões e avaliaram que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário.
Trecho da ata do Copom
O que muda com o corte na Selic?
Juros menores deixam o crédito mais barato, favorecendo o consumo. Cortes na Selic têm reflexo nas taxas cobradas por bancos e lojas, o que ajuda a impulsionar o consumo das famílias. Esse efeito não é imediato, e os impactos mais relevantes serão sentidos pela população ao longo do tempo.
Com mais crédito, famílias têm alívio no orçamento. A Selic é chamada de taxa "básica" porque serve como referência para outros juros do mercado, como os cobrados em empréstimos e financiamentos. Ou seja: quem vai financiar um carro ou um imóvel, por exemplo, pode ter um respiro.
Corte nos juros pode estimular a geração de empregos. Quando os juros estão altos, o custo de operação de uma empresa também é maior, o que desestimula investimentos e contratações. À medida que a Selic cai, empresários ficam mais dispostos a tomar riscos para crescer e, consequentemente, gerar empregos.
Investimentos de risco, como ações, tendem a ser mais buscados. Com o tempo, a contínua redução dos juros torna menos atrativos os investimentos em renda fixa, como títulos do Tesouro, CDB e LCI. Isso pode gerar uma migração para ativos mais arriscados, como ações e renda variável.