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Pagamento com boleto vai ficar mais rápido para competir com Pix

Mudança na compensação do boleto começa em 15 de março Imagem: Getty Images/iStock

Do UOL, em São Paulo

05/03/2024 04h00

A partir do dia 15 de março, os pagamentos de boleto vão cair mais rápido na conta dos cobradores. Hoje os pagamentos demoram até três dias úteis para serem processados e, para especialistas ouvidos pelo UOL, a mudança foi feita para o meio de pagamento competir com o Pix.

O que muda

A mudança estava prevista para 19 de janeiro, mas foi adiada para 15 de março. De acordo com a Febraban (Federação Brasileira dos Bancos), o adiamento foi feito porque é um "projeto de grande complexidade, que promoverá uma grande mudança no produto cobrança".

A mudança foi feita para competir com o Pix e dar uma "sobrevida" ao boleto. É o que diz Bruno Samora, diretor de produtos da Matera, empresa de tecnologia e produtos financeiros.

Não tem essa mudança à toa. O boleto está se mexendo, porque tem uma sombra, um competidor que está deixando pelo caminho. Passou TED, o boleto demorava até os dois dias para compensar e agora vai ter uma liquidação em quase tempo real. É para competir com o Pix.
Bruno Samora

A novidade é positiva. A mudança mostra que a competição no mercado de meio de pagamentos faz com que os produtos tenham que se aprimorar cada vez mais, trazendo benefícios ao consumidor. Nesta lógica, ou mudanças são feitas, ou o produto deixa de fazer sentido no longo prazo, diz Samora.

A novidade será uma grande vantagem ao e-commerce. Nesse espaço, o boleto perdeu espaço em comparação ao Pix, já que o pagamento do boleto demora mais para ser efetivado e liberar a compra, diz José Antonio Praxedes, presidente da MultiCrédito.

Para os bancos, o que pode mudar são as estratégias de lucro de tesouraria das instituições. Se o dinheiro demora alguns dias para ser enviado do consumidor para a empresa, ele pode ser aplicado ou usado de outra forma pelo banco, segundo Praxedes, e isso deve mudar agora.

Boleto vai acabar?

Apesar da mudança, Samora não acha que o boleto dure para sempre. "Acho que dá uma sobrevida ao boleto, mas a longo prazo não coloco minhas fichas", afirma. Samora diz que, assim que o Pix foi lançado, era um concorrente direto à TED. À medida que foi evoluindo, se tornou um concorrente ao boleto nos e-commerces, por exemplo. Hoje o Pix está mais presente nas lojas físicas e integrado às maquininhas, competindo diretamente com o crédito e o débito.

Praxedes afirma que o boleto não deve acabar, porque ainda é uma forma de cobrança bastante utilizada, principalmente para as contas de consumo. Hoje o Pix é processado pelo Banco Central. O boleto tem o processo feito apenas pelos bancos.

Pix é mais barato. Fazer ou receber um pagamento por Pix só é de graça para a pessoa física, a empresa ou PJ tem um custo para pagar ou receber. Mesmo assim, esse custo é menor que o de um boleto.

O preço médio hoje do boleto está girando em torno de R$ 2,50 a R$ 2,80, enquanto o Pix sai na faixa de R$ 1,50 a R$ 1,90. Os pagamentos com Pix são pagos para empresas e gratuitos para pessoas físicas.
José Antonio Praxedes, presidente da MultiCrédito

O Pix automático deve ser outro "golpe" ao boleto, diz Samora. A novidade está na agenda evolutiva do Pix, que deve ser lançado em 28 de outubro pelo BC. Na prática, poderá ser usado para pagar contas de água de luz, escolas e faculdades, academias, condomínios e parcelamento de empréstimos, por exemplo.

Hoje as empresas que oferecem o débito automático precisam ter um convênio com as instituições financeiras. Por isso não é possível colocar qualquer pagamento como automático. Os mais comuns são os de contas de consumo, como água, luz e gás.

Boleto também ajuda as empresas a terem previsibilidade nas suas receitas, no caso das contas recorrentes. Mas Matera diz que isso já está nas expectativas de desenvolvimento do Pix.

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