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Chuva no RS: comida deve ficar mais cara, e não se sabe efeito na inflação

Ruas e estradas alagadas no Rio Grande do Sul Imagem: GILMAR ALVES /ASI/ESTADÃO CONTEÚDO

Do UOL, em São Paulo

08/05/2024 04h00

Os temporais que atingiram o Rio Grande do Sul vão impactar o preço de alimentos, mas ainda não se sabe qual o tamanho do impacto na inflação do país. Especialistas ouvidos pelo UOL dizem que a expectativa é de que a tragédia pressione a inflação, principalmente pelo arroz, que é um dos principais alimentos da cesta básica brasileira e tem um peso significativo no cálculo.

Aumento de preços

André Braz, economista do FGV Ibre, afirma que ainda não dá para calcular o impacto das chuvas na inflação do país. Hoje, a FGV faz o cálculo com coleta de preços, o que implica em visitar mercados, açougues, padarias e comércio em geral — o que não é possível no Sul devido à tragédia.

Toda a logística que nos permite ver o bom comportamento dos preços não está contribuindo para que isso aconteça. Por enquanto só sabemos que vão ocorrer prejuízos na agricultura, porque esse excesso de chuvas tanto prejudica a colheita quanto o plantio.
André Braz, economista do FGV Ibre

Mesmo produções que não foram afetadas pelas chuvas podem ter aumento de preços. A soja, por exemplo, foi colhida antes das enchentes, mas dificuldades logísticas para escoar a produção também podem encarecer o produto.

Mesmo que tudo esteja colhido, como é que você transporta as coisas por estradas e pontes que foram comprometidas com essas chuvas e que isso vai resultar em algum impacto na inflação. Pode ser um impacto nacional. É claro que Rio Grande do Sul vai perceber um impacto mais forte até se recuperar totalmente, mas o país também, porque o Sul é responsável por safras importantes.
André Braz, economista do FGV Ibre

Os principais impactos devem ser sentidos entre maio e julho, principalmente nos preços agropecuários, segundo a LCA Consultores. A empresa afirma que projeta aumento de preços para cereais, leguminosas e oleaginosas.

Medir os impactos das perdas agora traria resultados imprecisos. Lucas Farina, analista econômico da Genial Investimentos, diz que ainda não dá para ter dimensão do impacto, porque muitas perdas ainda precisam ser contabilizadas.

O que dá para afirmar é que haverá um aumento no preço de alimentos. "O que podemos afirmar é que devemos ver um aumento de itens como arroz, frutas, hortaliças, legumes, leite e algumas proteínas. O estado do Rio Grande do Sul representa grande parcela da produção nacional de arroz", afirma Farina.

Alguns outros produtos estão no radar para avaliação de possíveis aumentos de preços e impactos na inflação. É o caso da gasolina, de carnes bovinas e suínas e do leite, segundo Andréa Angelo, estrategista de inflação da Warren Investimentos.

Ainda está muito difícil de precificar o impacto. De todo modo, parece que vai ser um impacto altista na inflação. O Rio Grande do Sul pesa 8,6% no IPCA, então é diferente se o que aconteceu no Sul fosse em São Paulo, que o estrago na inflação do Brasil seria muito maior.
Andréa Angelo, estrategista de inflação da Warren Investimentos

Arroz com maior impacto

O preço do arroz é o que deve ser mais afetado no curto prazo. Angelo diz que a maior preocupação é porque o Rio Grande do Sul representa 70% de toda produção de arroz do país, o que significa que o impacto deve se espalhar nacionalmente.

Acho que vamos ter queda de produção, os preços vão ser impactados no curto prazo, e de imediato, o arroz, soja, milho e a carne devem contribuir negativamente na inflação. O arroz é um ponto de atenção, porque ele tem um peso significativo no IPCA.
Ahmed Sameer El Kathib, professor da Fecap

Preços de alimentos são livres

O preço dos alimentos não é controlado pelo governo ou alguma entidade. Na prática, isso faz com que aumentos sejam sentidos de forma mais rápida pelo consumidor final. A Petrobras, por exemplo, decide quando vai repassar aumentos no barril de petróleo para o consumidor final.

Alimentos têm um preço livre, que reage às condições de oferta e demanda dos mercados. A nossa previsão é que os preços no curtíssimo prazo desses principais gêneros alimentícios podem sofrer reajuste dos preços.
Lucas Farina, da Genial Investimentos

IBGE muda coletas

O IBGE é o órgão responsável pela coleta de dados do IPCA, inflação oficial do país. O órgão emitiu uma nota nesta segunda-feira (6) orientando a suspensão temporária da coleta de dados em áreas afetadas até que as condições melhorem, para garantir segurança aos pesquisadores.

A direção do IBGE afirma que vai analisar a coleta de informações no estado nos próximos dias. O órgão diz que haverá um foco especial nas divulgações nacionais e que avalia a possibilidade de ampliação do período de coleta para algumas pesquisas e medidas adicionais que possam auxiliar a população e o estado do Rio Grande do Sul.

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