Fábrica de baterias de lítio fatura R$ 1 bi e leva energia para a Amazônia

Levar energia para comunidades isoladas na Amazônia está hoje entre os principais negócios da UCB Power, uma das maiores fabricante de baterias da América Latina. A empresa, que faturou R$ 1 bilhão em 2023, estabeleceu um convênio com o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) para um financiamento de até R$ 170 milhões para expandir sua operação.

Entenda

O convênio prevê um financiamento pelo prazo de dez anos. O processo está agora na fase de diligências para aprovação final. O financiamento vem do BID Invest, braço do BID para o setor privado. A expectativa é que outro banco ainda não definido aporte mais R$ 50 milhões no negócio.

O dinheiro será usado na ampliação da capacidade de produção. A UCB tem fábricas em Manaus (AM) e em Extrema (MG). Hoje produz 1,3 gigawatts em baterias ao ano.

Queremos poder expandir soluções com baterias de lítio, especialmente na região Norte. A intenção é sermos mais ambiciosos do ponto de vista climático. Mas o mais importante para nós é o impacto social que isso traz. O acesso à energia gera um crescimento linear em acesso à educação, a saúde, geladeira e outros serviços.
Juan Parodi, diretor de Investimentos do BID Invest

Empréstimo com impacto social

A decisão pelo empréstimo leva em conta impacto ambiental e social. Entre os indicadores considerados pelo BID para um empréstimo do tipo estão a geração de empregos, o impacto na redução de emissão de carbono e os benefícios para populações indígenas, mulheres e crianças.

Acompanhamos isso durante o projeto inteiro. Durante os dez anos, fazemos visitas uma a duas vezes ao ano, visitamos as comunidades e os stakeholders e vemos onde estão os gargalos.
Juan Parodi, diretor de Investimentos do BID Invest

A UCB fabrica tanto baterias de lítio pequenas, para celulares, quanto maiores, para abastecer casas. As baterias para celular já foram o carro-chefe. Hoje são as chamadas baterias estacionárias. Essas são usadas para abastecer casas, empresas, comunidades, estruturas de telecomunicações e como suporte para a distribuição de energia.

Essas grandes baterias hoje respondem por R$ 500 milhões em vendas anuais da UCB. Essa é uma grande aposta da empresa para os próximos anos. "Tem R$ 50 bilhões em baterias estacionárias para se fazer no Brasil nos próximos dez anos", diz George Fernandes, CEO da UCB.

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Baterias na Amazônia

As baterias garantem acesso à energia em comunidades isoladas na Amazônia. A UCB já forneceu cerca de 50 mil baterias, beneficiando mais de 50 mil famílias. A compra é feita por distribuidoras de energia, cuja malha não chega a essas localidades.

A UCB calcula que as baterias já evitaram a emissão de 100 mil toneladas de CO2 na atmosfera. Elas substituem, por exemplo, os geradores a diesel. As baterias são acopladas a placas solares e armazenam a energia gerada. Elas têm capacidade para durar até 36 horas sem luz do sol.

As baterias são adaptadas à realidade local. Como a região é quente e úmida, os sistemas internos dos equipamentos recebem uma proteção para que não sejam danificados pelas condições do clima. Esse é dos diferenciais das baterias da UCB.

O processo ocorre em uma fábrica moderna em Manaus. Lá, máquinas acrescentam dispositivo minúsculos aos sistemas de gerenciamento das baterias, e atestam a adequação do produto ainda durante o processo, garantindo maior confiabilidade. Para os próximos meses, a intenção é avançar na automação, o que deve aumentar a produtividade em cerca de 30%.

A empresa também produz baterias para bicicletas e motos elétricas. Ela tem 100% desse mercado no Brasil. Para os próximos três anos, pretende instalar uma fábrica na França. Com isso, a meta é atender melhor o mercado europeu e também a África.

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História da UCB

A UCB foi fundada em 1973 por um empreendedor coreano. A sigla UCB se refere a União Coreia Brasil. A empresa começou a fabricar baterias em 1978 e em 2001 passou a produzir em Manaus. Em 2016 iniciou a fabricação das baterias estacionárias de lítio, hoje o carro-chefe do negócio.

Em 2018, a gestora de private equity GEF Capital comprou uma participação na empresa. Hoje ela é dona de 56% do negócio. Em 2024 a gestora Spectra Investments também se tornou sócia.

A empresa cresce cerca de 27% ao ano. Para 2024 a expectativa de faturamento é de R$ 1,3 bilhão.

Uma equipe do BID visitou a fábrica da UCB nesta quarta-feira (12), durante a Semana de Sustentabilidade, evento de negócios sustentáveis promovido pelo banco em Manaus.

A jornalista viajou a Manaus a convite da Coca-Cola, patrocinadora da Semana de Sustentabilidade 2024.

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