Grupo IMC tem projeto de digitalização para KFC, Frango Assado e Pizza Hut
Claudia Varella
Colaboração para o UOL, em São Paulo (SP)
22/07/2024 04h00
Delivery, aplicativos próprios, terminais de autoatendimento. Alexandre Santoro, 52, CEO do Grupo IMC, afirmou que a holding vem fazendo investimentos "muito relevantes" na digitalização. Ele foi convidado do "UOL Líderes", videocast do UOL Economia que entrevista líderes do mundo empresarial.
Nem sempre alguns desses investimentos te dão um retorno imediato. Eles são investimentos que você vai capturar ao longo dos anos, mas é o certo a ser feito.
Alexandre Santoro, CEO do Grupo IMC
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O Grupo IMC é operador da rede Frango Assado, das marcas KFC e Pizza Hut. Também opera os restaurantes Viena e Batata Inglesa, a rede de confeitarias Brunella e a RA Catering, com foco em serviços de bordo. Nos EUA, a holding tem a rede de restaurantes Margaritaville.
Em 2021, a companhia tinha uma área de TI para suporte às lojas se o link caísse. "Basicamente era isso que existia. Hoje, além dessa área de TI, a gente tem uma área realmente digital", disse.
O que essa área vem produzindo? Entre as iniciativas, estão um aplicativo próprio para a Pizza Hut, terminais de autoatendimento nas unidades do KFC (a marca também terá um aplicativo próprio) e do Frango Assado, que tem ainda um aplicativo de fidelidade.
"A gente fez uma série de iniciativas. Cada uma endereçou um tema. Na Pizza Hut, o principal desafio é delivery. Então, a gente fez um app para a Pizza Hut. No KFC, o nosso maior desafio era aumentar a venda a balcão; então, a gente fez o terminal lá no balcão. No Frango Assado, o nosso maior desafio é no momento de pico. Como é que a gente faz o cliente conseguir ir embora mais rápido, porque ele quer pagar e ir embora. Então, o terminal de autoatendimento ajuda", disse.
Não dá para fazer dez projetos ao mesmo tempo, mas, para cada uma dessas marcas, a gente elegeu esses projetos.
Alexandre Santoro, CEO do Grupo IMC
Produto é o coração da companhia
Na entrevista, Santoro afirmou que o coração da companhia são os produtos. "Quando você olha todos os nossos negócios hoje, ainda existe muita oportunidade de crescimento de vendas nas mesmas lojas", disse.
Um dos exemplos é da Pizza Hut. Segundo Santoro, a concentração de vendas da Pizza Hut é às quintas-feiras, sextas, sábados à noite, domingos à tarde e à noite. "Há uma certa ociosidade durante o dia. Então, a gente viu uma oportunidade de desenvolver pastas, massas, na hora do almoço", afirmou. A companhia criou o Melts, uma espécie de calzone mais leve e que foca muito no almoço.
A companhia tem um time todo específico de inovação próximo às marcas, buscando ideias e alternativas para o que a gente chama de os 'day parts', que é o consumo ao longo do dia, para que você consiga ter mais ofertas para os clientes e, com isso, aumentar as transações em cada uma das lojas.
Alexandre Santoro, CEO do Grupo IMC
Holding tem cozinha central
O Grupo IMC abriu em 2019 uma cozinha central. O investimento foi de cerca de R$ 35 milhões, à época. "Ela foi inaugurada e fechada praticamente no mês seguinte, pois foi bem na época da pandemia. A cozinha central é crucial na nossa estratégia", disse Santoro, na entrevista.
Hoje, a cozinha central está ainda muito focada no Frango Assado. "Quando você vai ao Frango Assado e come um pão de queijo, uma coxinha, qualquer salgadinho, o pão de semolina —o nosso querido e famoso pão de semolina—, são todos feitos na nossa cozinha", afirmou.
O que isso traz de diferencial? Santoro disse que, primeiro, é garantir a qualidade do produto. "Também não deixa de ser uma alavanca de valor. Dentro da nossa cadeia de suprimentos, a gente consegue entregar o produto a um preço adequado aos nossos clientes, em um custo que a gente controla, em uma linha de produção que a gente controla", afirmou.
Pizza Hut em lojas de conveniência
A cozinha central abre outras oportunidades para a companhia. Uma delas é testar a Pizza Hut em lojas de conveniência —uma parceria com a rede AMPM. "A gente ainda está em um projeto-piloto, 15 lojas. O conceito é mandar para a loja de conveniência a pizza já pronta", disse. Segundo ele, em vez de montar a pizza na loja de conveniência, ela é montada, antes, na cozinha central.
"A gente tem uma área da cozinha central que produz a pizza, faz todos os recheios da pizza, deixa ela pronta, congela e manda para a loja de conveniência. Aí lá na loja de conveniência, com forno, você entrega para o cliente", afirmou.
A cozinha central é muito importante hoje, fundamental na estratégia do Frango Assado. E, cada vez mais nos outros negócios, a gente vem fazendo mais iniciativas e produtos dentro da nossa cozinha central.
Alexandre Santoro, CEO do Grupo IMC
Gestão de pessoas
Santoro disse que parte do valor do líder é a qualidade do time que ele consegue formar. Ele afirmou ser muito disciplinado financeiramente na execução e na montagem de times. "Este é o maior aprendizado que tive com as pessoas com as quais trabalhei."
Essa é uma das principais características que eu trouxe ao longo da minha carreira: essa preocupação de conseguir montar o time correto e ser muito, muito disciplinado na execução da sua estratégia.
Alexandre Santoro, CEO do Grupo IMC
Remodelação do negócio
Nos últimos três anos, a companhia melhorou a eficiência do negócio como um todo, as vendas por loja e a rentabilidade das marcas. É o que diz o CEO do Grupo IMC.
"A gente tomou a decisão de desinvestir alguns negócios. Tínhamos negócios no Panamá e na Colômbia com poucas sinergias com o nosso negócio. Além de simplificar, também ajudou a gente a desalavancar [reduzir as dívidas] a companhia. E a gente já vem investindo na expansão da Pizza Hut, do KFC, do Frango Assado e algumas lojas também nos Estados Unidos nos últimos anos", afirmou.
Quando a gente olha e vê o resultado dessa estratégia, a companhia entra em 2024 com a posição sólida, com a dívida reestruturada, alongada, os prazos todos da dívida, com a alavancagem controlada também. Então, estamos na fase de terminar essa transformação, esse turnaround que a gente fez, para o momento de acelerar o crescimento.
Alexandre Santoro, CEO do Grupo IMC