Ibovespa cai com rombo nas contas públicas
A Bolsa de Valores de São Paulo fechou esta segunda-feira (29) em queda depois que o déficit nominal do setor público chegou a R$ 135,724 bilhões em junho. O notícia impactou os investidores e o Ibovespa terminou o dia em baixa de 0,42% indo a 126.954,59 pontos. O dólar, por sua vez, teve um dia atípico: oscilou entre queda e alta algumas vezes e depois finalizou em baixa de 0,57%, indo a R$ 5,625.
O que aconteceu?
O Banco Central anunciou que o governo teve um déficit nominal de R$ 135,724 bilhões em junho. O total ficou levemente acima do que o mercado esperava, segundo relatório do Goldman Sachs. Em maio, a diferença entre receitas e despesas ficou negativa em R$ 138,256 bilhões. Em junho de do ano passado, havia ficado em R$ 89,625 bilhões. No ano até junho, o setor público acumula déficit nominal de R$ 498,225 bilhões, equivalente a 8,91% do Produto Interno Bruto (PIB). Em 12 meses, o total nominal chegou a R$ 1,108 trilhão, ou 9,92% do PIB.
O rombo assustou os investidores, segundo Breno Bonani, analista da Alphamar Invest, de Vitória. "Isso desanimou porque os gastos e a trajetória da dívida pública continuam pensando no sentimento dos investidores", diz o especialista. Hayson Silva, analista da Nova Futura, concorda. "A economia ainda enfrenta sérias deficiências e desafios estruturais que comprometem seu desempenho e estabilidade", diz.
Para o banco americano, resultados como esse ainda vão se repetir por um bom tempo. "O saldo deve permanecer no vermelho num futuro próximo. Fazer com que a dívida entre em uma tendência estrutural de declínio sustentado e construir amortecedores fiscais continua sendo um desafio macro essencial que exigiria superávits fiscais primários estruturais acima de 2% do PIB, o que contribuiria para reduzir a taxa de juros real. Isso é altamente improvável no curto prazo", publicou o banco Goldman Sachs.
O que mais influenciou a queda da Bolsa?
Pela manhã, foi publicado o Boletim Focus, com aumento de expectativa de inflação. A previsão passou de 4,05% para 4,10%, segundo os economistas consultados pelo Banco Central (BC). A meta de inflação é de 3% neste ano. Mas o BC considera uma margem de tolerância para cima de até 4,5%.
Por isso, o mercado espera que a taxa de juros seja mantida na quarta-feira. A Selic deve ficar em 10,5%, o que não é bom para a Bolsa. A taxa ainda é uma das mais altas do mundo (perdendo apenas para Rússia) e faz os investidores migrarem do mercado de ações para a renda fixa, que tem rentabilidade próxima a esses percentuais.
As maiores quedas do dia foram as das ações de varejo, por conta dessa previsão. Magazine Luiza (MGLU3), por exemplo, fechou perdendo 5,63%, indo a R$ 11,19, conforme dados preliminares. Pão de Açúcar (PCAR3) caiu 4,55%, indo a R$ 2,74.
O preço dos produtos básicos também caiu. O preço do petróleo teve baixa de 1,67% no dia, para o barril do tipo Brent. "Isso fez ações ligadas à soja, petróleo e minério de ferro também se depreciarem, diz Norberto Sangalli, da Nippur Finance. Ações da Petrobras, por exemplo, tiveram queda. PETR4 foi a R$ 36,79, com baixa de 2,26% (dados preliminares) e PETR3 chegou a R$ 39,78, com desvalorização de 2,62%.
Juros nos EUA
O Ibovespa deve oscilar bastante nesses dias antes da divulgação da taxa de juros americana. O Federal Reserve (Fed, o banco central americano) revê seus juros na quarta (31). A expectativa também é de manutenção, mas o mercado estará atento a sinais que possam indicar quando se inicia o ciclo de cortes. As apostas são para setembro.
Detalhamento de cortes
Outra informação importante o detalhamento do corte de R$ 15 bilhões nos gastos públicos. O decreto com as decisões está previsto para terça-feira (30). Esse detalhamento e os números de produção e vendas do segundo trimestre da Petrobras (PETR3 e PETR4) devem influenciar o mercado nesta terça-feira (30).
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