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Conectar dados reduz custo para o sistema de saúde, diz presidente da Roche

Claudia Varella

Colaboração para o UOL, em São Paulo

13/08/2024 12h00

Lorice Scalise, 52, presidente da Roche Farma Brasil, disse que um dos desafios do sistema de saúde é a transformação digital e que é preciso abordar a saúde de uma forma mais ampla e investir em tecnologia. Para ela, investir em dados e transformação digital reduziria custos e ineficiências na saúde. Lorice foi convidada do "UOL Líderes", videocast do UOL Economia que entrevista líderes do mundo empresarial.

"Não ter conseguido evoluir nesse sentido, faz com que a gente tenha inúmeras ineficiências", disse ela, que dá um exemplo: "Se você for a um médico hoje, e ele te pedir um hemograma, você vai e faz um hemograma. Daqui uma semana, outro médico pede outro hemograma, e você pode fazer outro hemograma. Qual é o valor diagnóstico de dois hemogramas neste período de tempo? Nenhum", afirmou.

Se você tivesse os dados conectados, o seu laboratório, quando você chegar lá com o segundo pedido, já te daria o resultado do que você fez uma semana atrás, sem ter que repetir [o exame]. Isso é uma redução de custo para o sistema de saúde. Tem um impacto no meio ambiente, porque eu uso menos tubo, plástico, resíduo líquido, tudo.
Lorice Scalise, presidente da Roche Farma Brasil

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Ela destaca a importância da interoperabilidade de dados. "Se a gente tivesse a informação de todas as pessoas de uma forma que pudesse entender essa dinâmica dessa população, entender esses dados, a gente ganharia muitíssima eficiência no sistema", declarou.

O uso dos dados como um mecanismo de informação e de eficiência, que eu acho que é um desafio grande que a gente está atravessando.
Lorice Scalise, presidente da Roche Farma Brasil

A gente tem que remover a barreira e conseguir fazer uma transformação digital profunda e importante, para que a gente tenha os dados disponíveis, entenda o sistema e possa ganhar eficiência.
Lorice Scalise, presidente da Roche Farma Brasil

A Roche é uma empresa global, pioneira em produtos farmacêuticos e de diagnóstico. Fundada em 1896, tem sede na Basileia (Suíça) e atua em mais de 100 países, entre eles o Brasil. Mais de 30 medicamentos desenvolvidos pela Roche, estão incluídos na lista de medicamentos essenciais da OMS (Organização Mundial da Saúde), entre eles antibióticos, antimaláricos e medicamentos contra o câncer.

Em 2023, a Roche Farma Brasil registrou faturamento de R$ 4,2 bilhões —crescimento de 14% em relação a 2022.

Diálogo entre os atores do sistema de saúde

Para ela, o primeiro desafio da saúde no mundo e no Brasil é uma discussão mais ampla. "É a gente não discutir a saúde da perspectiva da doença e dos tratamentos. Mas a gente discutir a saúde da perspectiva do bem-estar físico, mental e social. E no entendimento de que toda a sociedade, todos os ministérios, interferem na saúde da pessoa", declarou.

Não existe mais espaço para cada um defender o seu quintal. Nem a indústria, nem o sistema privado, nem o sistema público, nem as operadoras. É o momento em que todo mundo tem que sentar e dialogar em prol de encontrar uma solução que o sistema seja sustentável no médio e longo prazo e que continue servindo ao seu propósito, que é atender os pacientes.
Lorice Scalise, presidente da Roche Farma Brasil

A intenção é saber como dar acesso e incluir todos os pacientes que necessitam de atendimento. "E como nós, atores desse sistema, somos capazes de dialogar e encontrar uma solução para isso?", disse ela.

A gente não vai conseguir solucionar o problema ou discutir as questões da saúde, se não fizer uma abordagem mais ampla, se não entender que a saúde passa pelo bem-estar físico, mental e social e que todos os aspectos da sociedade interferem naquela pessoa e na saúde dela.
Lorice Scalise, presidente da Roche Farma Brasil

Resistência bacteriana

Lorice disse que há uma ameaça iminente: a resistência bacteriana. "Vai chegar um momento em que a gente vai ter uma infecção por uma bactéria, e não vai ter um antibiótico para isso. Porque o uso indiscriminado de antibióticos faz com que você comece a ter uma seleção natural de bactérias mais resistentes", declarou.

"Por isso, eu digo que é uma questão mais profunda. Quando a gente fala da dengue, a gente pode falar do tratamento da dengue, mas onde começa a criação do mosquito? Na falta de infraestrutura básica, na água parada, na falta de saneamento básico, na falta de educação", afirmou.

Na entrevista, ela reforça que a saúde é formada pelo sistema público, privado e pelo indivíduo. "Acho que a covid-19 trouxe também para a gente essa questão. E foi muito específico durante 2020 e 2021, a gente viu muito mais as pessoas preocupadas, elas mesmas, e tomando as rédeas de usar a máscara, de fazer o teste. Eu acho que teve um momento de lucidez, de responsabilidade", disse.

Estaríamos preparados para qualquer ameaça futura, se existisse, se existir esse diálogo e esse entendimento, que é responsabilidade do Estado, responsabilidade do privado e responsabilidade do indivíduo.
Lorice Scalise, presidente da Roche Farma Brasil

Diversidade e inclusão

Na entrevista, Lorice disse que a companhia investe em diversidade e inclusão. "Na Roche, a gente tem um esforço enorme sobre a diversidade, a equidade e a inclusão. A gente acredita profundamente que isso enriquece o ambiente, as discussões ampliam", declarou.

Na Roche, há seis frentes de diversidade. Segundo Lorice, os grupos são de mulheres/igualdade de gênero, homens, LGBTQIA+, PcDs (pessoas com deficiência), afrodescendentes e gerações (grupo voltado à pauta do etarismo). "Eles estão todos dentro de uma governança. Eles estão todos alinhados à nossa estratégia. Como a gente convive com todas as diferenças e todas as gerações", declarou.

Veja a entrevista completa

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