Para Vestas, Brasil tem o melhor vento do mundo para geração de energia
Claudia Varella
Colaboração para o UOL, em São Paulo
27/08/2024 12h00
Eduardo Ricotta, presidente da Vestas na América Latina, afirmou no "UOL Líderes", videocast do UOL Economia que entrevista líderes do mundo empresarial, que o Brasil é um dos melhores lugares do mundo para energia renovável. Segundo ele, atualmente, 7% de toda a produção de energia renovável do mundo está no Brasil. "Isso mostra o potencial que a gente tem nesse país", declarou.
Aqui a gente tem vento, tem sol e tem água em abundância. O Brasil vai ser um celeiro dessa transformação, dessa transição energética. Por quê? Porque aqui venta mais do que nos outros lugares do mundo.
Eduardo Ricotta, presidente da Vestas na América Latina
Nós estamos em 90 países, e a gente mede os ventos em 90 países. E eu posso te garantir com segurança que o Brasil tem o melhor vento do mundo.
Eduardo Ricotta, presidente da Vestas na América Latina
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A Vestas é uma empresa dinamarquesa. É líder global em soluções de energia sustentável e maior produtora de turbinas eólicas do mundo. Na América Latina, a empresa atua em 21 países, entre eles o Brasil, onde a companhia implantou uma fábrica de turbinas eólicas em 2012, em Aquiraz (CE).
A energia eólica representa 14% da matriz elétrica brasileira. "É uma fonte que tem crescido muito nos últimos anos", afirmou.
Principais desafios
Para Ricotta, o país tem alguns desafios estruturais. "Para a gente ter uma aceleração grande, nós precisamos ter financiamento a um custo menor, e a gente tem que olhar a exportação também, porque essa indústria está se transformando", disse.
A gente está passando de elétrons para molécula [de combustível verde]. Ou seja, de eletricidade para hidrogênio verde, amônia verde. Então, a gente tem que olhar a exportação. Isso é um ponto que vai ser muito importante daqui para a frente, porque o Brasil tem uma fonte muito boa de energia, e a gente tem que olhar para fora do país.
Eduardo Ricotta, presidente da Vestas na América Latina
Cadeia com impostos reduzidos. "Essa cadeia para exportar molécula verde precisa ter impostos reduzidos. Se a gente tiver um financiamento a um custo melhor e uma cadeia de impostos que seja menor também, principalmente para exportação, eu acredito que a gente consegue acelerar o uso de energia renovável, em geral", afirmou.
A exportação ainda não é uma realidade. "Nessa primeira fase, nós vamos focar no mercado interno e depois, sim, no mercado externo. Essa cadeia está crescendo. A gente está no começo dessa transição energética. Vai levar um tempo, mas a gente tem evoluído rapidamente. O volume de parques eólicos que a gente instalou no Brasil tem crescido rapidamente. E a gente vê que no futuro vai continuar nesse crescimento bem acelerado", declarou.
A gente tem um arcabouço regulatório bom na questão de energia, mas se tiver um bom financiamento e condições boas para exportar a energia, eu não tenho dúvida que o Brasil vai ser parte dessa transição energética no mundo inteiro.
Eduardo Ricotta, presidente da Vestas na América Latina
Hoje, a gente está vivendo uma transição energética jamais vista na história mundial.
Eduardo Ricotta, presidente da Vestas na América Latina
Brasil é celeiro para ajudar na transição energética
Na entrevista, Ricotta falou sobre as formas de transformar o sistema energético. Uma delas é substituir as centrais térmicas ou a carvão por energia eólica. Outra é a eletrificação direta —como exemplo, ele citou o carro elétrico. "Você está saindo de combustível fóssil e indo para um combustível que é a base da eletricidade", disse.
A terceira forma, segundo ele, é a eletrificação indireta, as moléculas verdes. "A gente tem visto, por exemplo, empresas de transporte que têm interesse em colocar amônia verde como combustível para fazer transporte de navio. A gente vê empresas aéreas tentando encontrar um combustível com menos emissão de carbono", disse.
A gente vê aí um futuro grande nessa transição que está acontecendo. E eu acho que o Brasil é um celeiro para ajudar nessa transformação.
Eduardo Ricotta, presidente da Vestas na América Latina
Zerar emissão de carbono
A empresa tem meta de zero emissão de carbono. Na entrevista, Ricotta afirmou que a meta é ser uma empresa com zero emissão de carbono até 2030 e ter 100% dos produtos recicláveis até 2040.
Em 2022, a Vestas foi eleita a empresa mais sustentável do mundo. O ranking é da Corporate Knights, um instituto de pesquisa canadense que mede o avanço do desenvolvimento sustentável. Considerando apenas o setor de energia, a Vestas ocupa o primeiro lugar de empresa mais sustentável por três anos seguidos.