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Mãe e filha caem no golpe do aluguel e golpista debocha: 'Não mereceu?'

Além de ter embolsado o dinheiro das vítimas, a suspeita de dar o golpe ainda ficou debochando delas em mensagens no WhatsApp Imagem: Arquivo Pessoal

Maurício Businari

Colaboração para o UOL

29/08/2024 05h30

Em busca de um novo lar após o apartamento onde moravam ser vendido, mãe e filha caíram em um golpe de falso aluguel, perdendo R$ 1.700 em uma transação fraudulenta, em Santos, litoral de São Paulo.

O que aconteceu

As santistas Thayná Branco, 28, encarregada de departamento pessoal, e sua mãe, a depiladora Márcia Alves, 60, foram vítimas de um golpe no qual a pessoa paga pela locação de um imóvel a supostos negociadores e, quando confirma a transação, percebe que os negociadores não passavam de estelionatários.

Além do estresse e do dinheiro perdido, a jovem conta que foi tratada com deboche pela golpista que as enganou. Mãe e filha estavam em uma busca urgente por um novo apartamento, após o imóvel onde moravam ter sido vendido. "A gente estava desesperada para encontrar um lugar, e a oferta parecia perfeita", relatou a jovem.

O caso começou no dia 10 de agosto, um sábado, quando Márcia viu o anúncio de um apartamento para alugar em um site de ofertas. O imóvel ficava na Avenida Conselheiro Nébias, no bairro do Boqueirão. Ela então pediu à filha que entrasse em contato com a anunciante, que se identificou como Esther. A mulher orientou que elas pegassem as chaves na portaria para visitar o imóvel.

Ao visitar o primeiro imóvel, a encarregada e sua mãe perceberam ser um apartamento no estilo sala living (quitinete). Como buscavam um apartamento com pelo menos um quarto, informaram à anunciante que não ficariam com o imóvel.

A golpista então ofereceu outro apartamento, desta vez na avenida da praia, no bairro do José Menino, pelo mesmo valor da quitinete R$ 1.700. Quando foram visitá-lo, perceberam, mais uma vez, que as chaves foram liberadas pelo porteiro do edifício.

Mesmo desconfiando do preço baixo, decidiram alugar o local. "O apartamento parecia um achado, perfeito para o que precisávamos", disse Thayná.

Ela transferiu R$ 1.700 para a golpista, acreditando ter feito um bom negócio. A transação foi realizada enquanto ainda estavam no imóvel. Esther pediu dois meses de caução, mas a encarregada optou por pagar apenas um mês inicialmente, com a promessa de assinar o contrato na segunda-feira (12).

Ao chegar em casa, a jovem começou a suspeitar da facilidade da transação. Ela pesquisou o imóvel na internet e encontrou um anúncio do mesmo apartamento por um valor três vezes maior. Foi quando percebeu que algo estava errado. "Quando vi o outro anúncio com um preço muito mais alto, comecei a desconfiar".

Thayná consultou o documento que a golpista havia enviado e encontrou inconsistências. O CPF era válido, mas a data de nascimento e a filiação estavam trocadas. Mesmo assim, ainda havia esperança de que fosse um erro.

Na segunda-feira, porém, a jovem confirmou que havia caído em um golpe. Com a ajuda de uma amiga, ela verificou os dados reais do CPF e constatou que o nome e a idade não correspondiam ao documento enviado por Esther. "A ficha demorou a cair, mas quando caiu, foi devastador".

A suspeita enviou como documento uma habilitação de motorista, com informações trocadas, mas as vítimas acabaram fazendo o pagamento de um mês de aluguel Imagem: Arquivo Pessoal

Deboche da golpista

Além da perda financeira e do desgaste emocional, a situação foi ainda pior quando a golpista, ao ser confrontada, começou a debochar das vítimas. "Ela teve a audácia de escrever: 'Será que você não mereceu?'", relembra a jovem.

Além disso, a golpista enviou mensagens provocativas pelo WhatsApp, afirmando que boletins de ocorrência "não adiantam nada" e que no Brasil "é assim". O tempo todo, a golpista insinuava que mãe e filha seriam incapazes de identificá-la ou encontrá-la.

Thayná foi à delegacia e registrou um boletim de ocorrência, relatando o golpe, mas teria sido informada que esses casos são comuns e de difícil resolução. A sensação de impotência aumentou ao perceber que as autoridades tinham poucas opções para ajudá-la. "É frustrante saber que a polícia enfrenta tantas dificuldades para resolver esses casos", declarou.

Agora, a jovem está decidida a processar a pessoa responsável pela conta usada no golpe, buscando justiça e prevenção de novos casos. Ela enfatiza que a luta não é apenas pelo dinheiro, mas pela justiça. A encarregada quer garantir que essa fraude não fique impune e que outras pessoas sejam alertadas sobre o perigo desses golpes. "Alguma responsabilidade deve haver", conclui.

Em nota, a SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo) informou que o caso está sendo investigado em inquérito policial instaurado pelo 4º DP de Santos, "que realiza diligências visando à identificação, localização e prisão do autor".

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