Pix inteligente, pagar com palma da mão: futuro de pagamentos está próximo
Pagamento com a palma da mão, Pix por aproximação e Pix inteligente. Estes são alguns dos destaques que devem mexer com a vida financeira dos brasileiros nos próximos anos. O UOL ouviu especialistas em meios de pagamento para falar o que se pode esperar de novidades que já estão em implementação no país.
O que esperar do futuro
Uma das novidades é o pagamento com a palma da mão, que não está tão distante assim. A iniciativa é do Inove Global Group, empresa que, em parceria com a chinesa Tencent, vai trazer esta modalidade de pagamento para o Brasil, que já é realidade na China.
Na prática, a pessoa fará o cadastro da biometria da palma da mão. Depois, conseguirá fazer o pagamento aproximando a mão de uma maquininha específica, e a transferência será feita via Pix. Patrick Burnett, CEO do Inove Global Group, afirma que vai começar a produção das máquinas neste ano, mas ainda não há data para a tecnologia chegar às ruas.
O Pix inteligente é outra novidade esperada pelos especialistas. Na prática, o consumidor vai poder programar uma transferência automatizada a partir de gatilhos configurados pelos usuários. Se a pessoa, por exemplo, decidir que quer transferir saldo da conta X para a Y quando entrar no cheque especial, ela cria a regra e, quando isso acontecer, automaticamente o valor é transferido.
Gustavo Lino, diretor-executivo da INIT (Associação dos Iniciadores de Transação de Pagamento), afirma que a novidade vai ser ainda mais positiva para as empresas. "Ter essas transferências automatizadas, sem necessidade de uma ação do usuário naquele momento, facilita muito a vida da tesouraria, contas a pagar, contas a receber", afirma Lino.
Há iniciativas paralelas às do Banco Central. Glauber Mota, CEO da Revolut no Brasil, afirma que o mercado lança novidades e o desafio é fazer com que as inovações tecnológicas caminhem ao lado da regulação. O grande foco do momento, para ele, é o desenvolvimento do Open Finance, que é um sistema que permite o compartilhamento de informações do consumidor com diversas instituições financeiras.
Com o Open Finance, haverá maior conexão entre os bancos. Hoje o cliente consegue transferir o saldo de uma conta para a outra via Open Finance, mas ainda é necessário abrir a conta do primeiro banco e, ao fazer a transação, abrir a do segundo também. Isso dificulta o uso, segundo Glauber Mota, CEO do Brasil da fintech Revolut, e o consumidor só vai adotar plenamente o sistema quando o cliente enxergar vantagens para si.
O Pix por aproximação é uma das novidades mais próximas, já com data para chegar aos brasileiros. O BC lançaria a funcionalidade neste ano, mas adiou para 16 de junho de 2025. A ideia é que o consumidor consiga agendar pagamentos como um débito automático, mas sem a necessidade de haver um consórcio entre o banco e a empresa prestadora do serviço, que é o que acontece hoje com contas de luz e água, por exemplo.
A funcionalidade vai trazer a experiência do cartão para o Pix. Lino afirma que o Pix por aproximação vai facilitar o dia a dia dos brasileiros. Eduardo Lopes, presidente da Zetta, associação que reúne empresas como Nubank e Mercado Pago, afirma que hoje fazer um Pix exige que o consumidor abra o aplicativo do banco, o que não será mais necessário a hora que a tecnologia por aproximação estiver funcionando.
Pensando que isso vai diminuir só com a aproximação, tende a potencializar ainda mais a utilização do Pix e [tem potencial de] ser bem transformador para as pessoas.
Eduardo Lopes, presidente da Zetta
Outra facilidade é o Pix por um clique. Hoje empresas como a Amazon adotam o pagamento com um clique para o cartão de crédito. Isto ainda não acontece para o Pix, porque é preciso desenvolver uma tecnologia específica para que funcione. Há também expectativas de Pix recorrente, que garante o pagamento de contas recorrentes, como mensalidade de escola ou de streamings, que são serviços que normalmente não permitem débito automático.
Hoje a gente vê uma experiência do cartão do usuário muito simples, fluida e que funciona tanto no mundo online quanto no mundo físico. Com essas nossas funcionalidades, vamos ver tudo isso transportado para o arranjo do Pix e isso vai ser muito bom.
Gustavo Lino, diretor-executivo da INIT
O grande problema hoje é o redirecionamento na hora de pagar. Se o consumidor precisa cumprir muitas etapas para concluir o pagamento, a experiência do cliente é pior e pode levá-lo a desistir da compra no meio do caminho. Lino também diz que ainda há algumas questões técnicas no redirecionamento de um aplicativo de banco para outro, o que causa erros - tanto na ida como na volta. Com a melhora do redirecionamento, isso vai acabar, segundo Lino.