'Falem mal, mas falem de mim': a volta do X é positiva para as marcas?
Renato Pezzotti
Colaboração para o UOL, em Piracicaba (SP)
11/10/2024 08h01
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Depois de 40 dias fora do ar no Brasil, o X (antigo Twitter) voltou a funcionar no país. Enquanto restam debates sobre a segurança de se investir na plataforma, agências e anunciantes respiram aliviados.
Ali, as marcas voltam a encontrar oportunidades para entrar no debate público, identificam tendências e conversas -- grandes aliadas de eventos esportivos, transmissões de shows e realities.
O diálogo direto com o público pode amplificar a presença das marcas e engajar de forma autêntica. A plataforma tem um papel importante no monitoramento das conversas dos consumidores e também atua como um canal ágil de atendimento ao cliente.
Cleber Paradela, vice-presidente de conteúdo e inovação da DM9
Apesar das marcas estarem reduzindo os investimentos no X, a rede ainda funcionava muito bem como segunda tela. Como as publicações aparecem em ordem cronológica para os usuários, as pessoas se sentiam livres para comentar sobre programas de TV, por exemplo.
Perdemos muito com a limitação de acesso a esse repositório de memes e conversas. Existem outras ferramentas, mas é positivo ter acesso ao X, principalmente para realizar pesquisas com facilidade e verificar se uma hipótese estava correta.
Larissa Magrisso, diretora-executiva de conteúdo da WMcCann
Espaço de expressão cultural
A audiência do X, hoje, representa menos de 10% da população brasileira. Mesmo assim, a rede acaba por moldar comportamentos que se espalham para outras redes, apesar de carregar riscos na mesma proporção.
O X é estratégico para entender tendências comportamentais. Ele nos permite reconectar com um público ávido por diálogos espontâneos. É como se essa volta também representasse a reabilitação de um espaço de expressão cultural rápida e genuína. Espero que, com isso, ele também se torne um ambiente mais acolhedor.
Michele Gruc, diretora geral de estratégia, dados e conteúdo da CP+B
E sucesso na volta?
Entre quarta-feira (9) e quinta-feira (10), o X já gerou mais de 1 milhão de conversas envolvendo variações do termo "voltou", segundo dados da ferramenta Quick Search Brandwatch, informados pela agência Artplan.
Até mesmo o Supremo Tribunal Federal (STF) já publicou um post sobre o processo de suspensão e retomada das atividades da rede social no Brasil.
O uso do X é uma prática social já consolidada. As pessoas tendem a voltar para o que lhes é familiar: o clássico 'Deus me livre, mas quem me dera'. Grandes marcas, artistas e grupos de comunicação retomaram suas atividades na plataforma, sabendo da densidade de interações que ela proporciona. Ninguém quer ficar de fora da conversa.
Carolina Amorim, head nacional de creative data da Artplan
Resta agora saber se as marcas farão investimentos financeiros em publicidade na rede, ou se a utilizarão apenas como farol de debates e surgimento de tendências.
Em um ambiente polarizado, o brand safety (segurança da marca, em inglês) se torna fundamental para as empresas -e estar ao lado de plataformas que não garantem que as marcas não sejam associadas a conteúdos como violência, discursos de ódio, conteúdo sexual explícito e desinformação, é cada vez mais raro.
Se as marcas decidirem continuar usando o X para entrarem em conversas, a ética e responsabilidade jurídica serão pontos cruciais. Em um ambiente volátil, as empresas precisam redobrar a atenção, garantindo que suas ações estejam alinhadas aos valores corporativos e que evitem qualquer associação negativa.
Cleber Paradela, da DM9