Falta de ações práticas derruba confiança das pessoas nas empresas


Renato Pezzotti
14/03/2025 08h01
As pessoas ainda confiam nas empresas, mas a falta de ações práticas tem derrubado essa credibilidade. Esse é um dos achados na edição 2025 do Edelman Trust Barometer, divulgado nesta semana.
O que fala o estudo
Com o subtítulo de 'A Crise do Ressentimento', o estudo afirma que a maioria das pessoas carrega sentimentos negativos contra governos e empresas. 64% dos brasileiros entrevistados sentem um nível moderado ou alto de ressentimento, definido pela crença de que 'governo e empresas dificultam suas vidas' e 'servem a interesses restritos'.
Esse ressentimento gera uma exigência efetiva de ações práticas das empresas, em áreas como custo de vida, mudanças climáticas, requalificação profissional, desinformação e discriminação. Para as pessoas, as empresas não estão indo longe o suficiente para solucionar essas questões.
Empresas de tecnologia seguem como as mais confiáveis
Mesmo assim, as empresas continuam sendo a instituição mais confiável. No Brasil, 62% dos respondentes afirmaram que confiam nas empresas — 4 pontos percentuais a menos do que no ano anterior, mas dentro da média global. Para 56%, as ONGs são confiáveis. Do outro lado, apenas 46% e 39% dos respondentes, respectivamente, acreditam que a mídia e o governo são confiáveis.
A maioria dos setores econômicos continua confiável, para os brasileiros que responderam a pesquisa. Entre os 17 setores apontados, os de tecnologia (78%), alimentos e bebidas (76%), hotéis e hospitalidade (76%) são indicados como os de maior credibilidade.
O estudo ouviu mais de 33 mil pessoas, em 28 países. Ele busca entender a confiança das pessoas nas empresas, organizações não governamentais (ONGs), mídia e governo.
Como restaurar a confiança?
A análise da Edelman ainda aponta 4 caminhos para as instituições restaurarem a confiança e reconstruírem o otimismo nas pessoas:
- Lidar com o ressentimento
Segundo o relatório, para liderar em meio a essa crise, as instituições precisam 'compreender as realidades econômicas de seus stakeholders, defender interesses comuns e impulsionar o otimismo'. - Empresas precisam agir
O estudo aponta que aqueles com um nível maior de ressentimento estão mais propensos a acreditar que as empresas não estão fazendo o suficiente para resolver problemas da sociedade. Para mudar esse panorama, as empresas precisam lidar com as expectativas, entender suas obrigações e agir em prol de seus stakeholders. - Mas as empresas não podem agir sozinhas
Segundo o relatório, empresas, governo, mídia e ONGs devem 'trabalhar juntos para atingir as causas do ressentimento', além de 'impulsionar a confiança, o crescimento e a prosperidade'. Investir em comunidades locais, informações de qualidade e qualificação profissional são algumas das saídas. - Com confiança, o otimismo vai superar o ressentimento
Para elevar o otimismo, as instituições devem priorizar e reconstruir a confiança em suas organizações e comunidades locais.
Ana Julião, gerente geral da Edelman Brasil
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