Preço das frutas dispara com clima seco, calorão e queimadas

As idas à feira livre ganharam um peso adicional no carrinho dos consumidores nos últimos meses. O preço das frutas acumula alta superior a 20% em um ano, de acordo com dados coletados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A variação é explicada pelas condições climáticas adversas que atingiram as áreas produtoras.

O que aconteceu

Inflação das frutas avança por dois meses seguidos. Após registrar quedas consecutivas entre maio e agosto, o preço das frutas subiu 4,23% em agosto e 2,79% em setembro. As apurações foram constatadas pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).

Preço das frutas saltou 20,87% nos últimos 12 meses. A variação apurada entre outubro de 2023 e setembro de 2024 é a maior para o período anual desde fevereiro do ano passado (22,66%). Somente neste ano, a variação positiva alcança 12,78%.

Eventos climáticos justificam inflação das frutas. Claudio Felisoni de Angelo, professor da FIA Business School, explica que as adversidades impactam o custo do fornecimento de energia e limitam a oferta de alimentos, principalmente as frutas e as carnes. O cenário estimula a alta dos preços.

A estiagem e as queimadas restringiram significativamente plantações e áreas de pastagens.
Claudio Felisoni de Angelo, professor da FIA Business School

Frutas estão expostas às mudanças extremas de temperatura. Caio Ferrari, professor de economia do Ibmec-RJ, destaca que os extremos climáticos prejudicam a produção e a distribuição das frutas e outros alimentos in natura. "Frutas e legumes tendem a sofrer bastante com essas mudanças. Chuva demais não é adequado, nem calor ou seca demais", afirma ele.

Para algumas frutas, as ondas de calor são mais prejudiciais e, para outras, o excesso de água vai ser negativo.
Caio Ferrari, professor de economia do Ibmec-RJ

Avaliação também é partilhada pelo Ministro da Fazenda. Fernando Haddad culpa a seca pela recente inflação de alimentos e garante que a elevação da taxa Selic é insuficiente para reverter o impacto dos problemas climáticos. "A seca está afetando dois preços importantes, de energia e alimento. Isso não tem a ver com o juro, juro não faz chover", disse ele na última quarta-feira (9).

Variações em 2024

Manga e Tangerina lideram altas desde janeiro. As variações de preços foram de, respectivamente, 40,91% e 47,34%. O abacate (31,61%), a laranja-lima (33,21%) e a laranja-pera (32,45%) também aparecem com altas expressivas neste ano.

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Das 21 frutas monitoradas, quatro ficaram mais baratas. Caminharam na contramão do índice geral no acumulado do ano apenas o morango (-18,06%), com o preço analisado apenas em Porto Alegre (RS), o maracujá (-17,76%), a pera (-10,21%) e a laranja-baía (-8,41%), também apurada somente em Porto Alegre.

Preço das frutas caiu apenas em Rio Branco (AC). Entre as 16 cidades analisadas pelo IBGE, a capital do Acre é a única com os produtos mais baratos entre janeiro e setembro. A queda de 2,87% é estimulada pelas deflações do mamão (-29,76%), da banana-da-terra (-20,93%), do limão (-14,44%) e da banana-prata (-11,67%).

Substituição entre frutas protege o bolso do consumidor. Ferrari orienta a opção por itens similares para driblar a alta dos preços. "Se a manga ficou muito cara, é possível comer mamão ou abacate. O mesmo vale para a troca da maça pela pera. A tendência é que o consumidor reduza o consumo daquilo que ficou muito caro, exceto se determinada fruta seja muito essencial."

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