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'Campanha contra a carne brasileira é ridícula', diz Tereza Cristina

Imagem: Mateus Bonomi/AGIF/Estadão Conteúdo

26/11/2024 08h38

A ex-ministra da Agricultura e Pecuária Tereza Cristina criticou nesta terça-feira (26) a decisão do Carrefour de retirar as carnes do Mercosul de seus estabelecimentos na França.

O que aconteceu

Tereza Cristina rechaçou manifestações contra o acordo entre o Mercosul e a União Europeia. "Essa campanha contra a carne brasileira, querendo dizer que nós não seguimos os protocolos, eu acho um pouco ridícula, porque a França faz o controle da entrada dessa pequeníssima parcela de carne que ela compra do Brasil", disse a ex-ministra, em entrevista à Globonews.

Ex-ministra ressalta que a França conhece todos os procedimentos sanitários do Brasil. Ela afirma que os países que importam os produtos nacionais visitam o Brasil e conhecem as fazendas para compreender os sistemas de produção. "O Brasil exporta carne há 40 anos para a Europa e para a França", afirmou.

Ela reconhece a preocupação dos agricultores franceses com o livre comércio de alimentos. Tereza Cristina entende que as manifestações contrárias ao acordo entre o Mercosul e a União Europeia reflete o temor por eventuais prejuízos. "Nem eles sabem bem como vai funcionar", destacou.

A ex-ministra também exige uma retratação do CEO do Carrefour sobre as alegações. Ela avalia como insuficiente a manifestação de arrependimento publicada por Alexandre Bompard nas redes sociais. "Ele criou um problema para os produtos brasileiros e isso é muito sério", afirmou Tereza Cristina.

"França têm medo da nossa eficiência', avalia Tereza Cristina. Segundo a ex-ministra, as desinformações têm o objetivo de criar uma barreira comercial contra os produtos brasileiros. "Apesar de ser um grande fornecedor, a França ainda tem uma agricultura atrasada, que não é competitiva. Eles têm medo da nossa eficiência, da nossa agricultura e da nossa pecuária", disse ela.

Relembre o caso

Carrefour tenta inviabilizar acordo entre o Mercosul com a União Europeia. Bompard, diretor-executivo do Carrefour, defendeu o fim da venda de alimentos do bloco nos estabelecimentos da França em posicionamento direcionado ao presidente da FNSEA (Federação Nacional dos Sindicatos de Agricultores da França) em meio a protestos dos agricultores contra o livre comércio entre os blocos.

Em toda a França, ouvimos o desânimo e a raiva dos agricultores face ao acordo de livre-comércio proposto entre a União Europeia e o Mercosul e o risco de o mercado francês ser inundado com carne que não atende às suas exigências e normas.
Alexandre Bompard, CEO do Carrefour na França

Ministério da Agricultura brasileiro criticou as declarações. Em nota divulgada na semana passada, o Ministério da Agricultura disse lamentar a postura do Carrefour. Segundo a pasta, as questões protecionistas "influenciam negativamente o entendimento de consumidores sem quaisquer critérios técnicos que justifiquem tais declarações".

Manifestação ocasionou boicotes à rede de supermercados no Brasil. Em "repúdio" à decisão na França, a Fhoresp (Federação de Hotéis, Bares e Restaurantes do Estado de São Paulo) recomenda que seus associados interrompam as compras nos estabelecimentos. Já os frigoríficos interromperam as vendas para unidades do Carrefour, Atacadão e Sam's Club.

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