IPCA
0,46 Jul.2024
Topo

Investimento da Vale deve ficar abaixo do previsto em 2011

06/05/2011 16h40

Por Denise Luna e Guilhermo Parra-Bernal

RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - A mineradora Vale deverá investir menos do que previa em 2011 devido a alguns fatores que estão retardando o avanço dos seus vários projetos no Brasil e no exterior.

Executivos da companhia comentaram nesta sexta-feira, em teleconferência com analistas e investidores sobre o resultado financeiro da empresa no primeiro trimestre, divulgado na véspera , que o volume total de investimentos pode ficar cerca de US$ 4 bilhões abaixo do volume inicialmente projetado, de US$ 24 bilhões.

"Estamos vendo que está muito difícil conseguir manter prazos em todos os projetos", disse José Carlos Martins, diretor diretor de Marketing, Vendas e Estratégia.

"Vai ficar mais para US$ 20 bilhões do que US$ 24 bilhões", acrescentou.

Os diretores da companhia disseram que além da demora de licenciamentos ambientais há escassez de mão-de-obra altamente qualificada e falta de recursos como equipamentos e materiais, que dificultam a execução dos inúmeros projetos da empresa.

Em respota a analistas, a empresa confirmou que o projeto de carvão de Moatize, em Moçambique, entrará em operação este ano até setembro, estendendo por um mês a entrada em operação que era prevista para agosto.

Já o polêmico projeto de níquel de Goro, na Nova Caledônia, que entrou em operação em meados do ano passado, foi citado pelos executivos da empresa como um que tem enfrentado desafios tecnológicos que não estavam previstos.

O projeto, que no passado sofreu resistências ambientais, ainda está distante de sua capacidade máxima de produção.

Demanda de minério

Sobre o mercado de seu principal produto, o minério de ferro, a mineradora disse que apenas a pressão inflacionária em alguns dos principais países compradores poderá esfriar a demanda.

Os executivos da Vale se mostraram otimistas com o mercado nos próximos meses e previram que os preços do minério de ferro no terceiro trimestre deverão ficar estáveis em relação ao segundo trimestre.

"O risco real que vemos é o aumento da inflação que levaria os governos a adotar medidas para esfriarem suas economias, o que poderia ser um risco para a demanda de minério", disse Martins.

Ele acredita, no entanto, que os fundamentos para o mercado continuam positivos, fazendo coro com analistas que apesar de

terem considerado o primeiro trimestre abaixo das expectativas, continuam indicando os papéis da companhia para compra.

As ações da empresa perdiam 0,1% por volta das 15h25, enquanto o Ibovespa avançava 1,2%.

Preços estáveis

No segundo trimestre, a previsão do mercado era de um reajuste de 20% para o minério de ferro e a expectativa de alguns era de que o preço subisse ainda mais no terceiro trimestre.

Mas a Vale vê uma acomodação dos preços após a definição dos valores para o segundo trimestre.

"Os fundamentos continuam fortes e a previsão é de estabilidade", disse Martins sem dar detalhes dos ajustes trimestrais da empresa.

Apesar de voltar a citar o foco principal em crescimento orgânico, a Vale informou que segue estudando oportunidades de compras pontuais no mercado, a exemplo da oferta feita este ano pela sul-africana Metorex, e não descartou possíveis novas aquisições.

"Não descartamos avaliar oportunidades", disse o diretor financeiro da Vale, Guilherme Cavalcânti.