BRF defende fusão, e diz que é benéfica a consumidores
BRASÍLIA (Reuters) - Na reta final para tentar fechar um acordo com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a BR Foods manteve os argumentos que a compra da Sadia pela Perdigão é benéfica para os consumidores, inclusive com relação aos preços dos produtos.
O vice-presidente de Assuntos Corporativos da empresa, Wilson Mello Neto, em audiência na Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados nesta terça-feira, afirmou que o aumento de preços prejudica a estratégia de crescimento da companhia.
Ele argumentou que, sobretudo em mercados com baixa penetração de consumo --como frango in natura-- não há como aumentar os preços porque certamente os consumidores vão procurar alternativas.
"O aumento de preços é contraditório à estratégia de penetração (da BRF) nesses mercados", afirmou o executivo, que foi bastante questionado pelos parlamentares presentes na sessão sobre a alta concentração de mercado gerada com a operação.
Ainda nesta noite, representantes da BRF continuarão as conversas com os membros do Cade para tentar fechar um acordo que garanta a aprovação da operação no órgão antitruste na quarta-feira.
Entre outros pontos, conversam sobre a necessidade de a empresa vender boa parte de seus ativos, que pode chegar a aproximadamente um terço do total, além de suspender temporariamente a marca Perdigão nos mercados onde há forte concentração junto com a Sadia.
O acordo também poderá trazer a proibição de a BRF criar uma nova marca para substituir a Perdigão, a fim de melhorar o espaço para que os novos possíveis concorrentes possam se firmar no mercado.
"Não trabalho com a possibilidade de a operação não ser aprovada. Sou um otimista. Esperamos uma solução de consenso e o Cade tem sido sensível ao argumentos da empresa", acrescentou Mello.
Mello, da BRF, afirmou aos deputados que a criação de um novo concorrente pode não ser tão complicado, mesmo diante do gigantismo da própria empresa. Ele citou como exemplo a Seara que, há cerca de dois anos foi comprada pela Marfrig.
"A Seara era basicamente voltada para o mercado externo. Só depois ela apareceu no mercado interno", afirmou ele, acrescentando ainda que a criação da BRF não gerará desemprego por se tratar de um setor que demanda muita mão de obra.
O procurador-geral do Cade, Gilvandro Araújo, também presente na comissão na Câmara, disse que qualquer acordo que possa ser fechado com a BRF tem de levar em consideração os seguintes pontos: manutenção dos empregos e da concorrência e interesse dos consumidores.
(Reportagem de Patrícia Duarte)
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