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Emergentes são esperança para evitar recessão global, diz Canuto

Adriana Garcia e Paula Laier

04/08/2011 18h43

SÃO PAULO (Reuters) - Países emergentes como a China são a esperança para que o mundo possa evitar uma nova recessão econômica, a tão temida recessão em W, disse nesta quinta-feira (4) Otaviano Canuto, do Banco Mundial (Bird).

A avaliação foi feita em entrevista ao chat room Trading Brazil da Reuters, em um dia em que os mercados financeiros derreteram com temores sobre um enfraquecimento ainda maior da economia global, especialmente nos Estados Unidos e na Europa.

"Sair da crise passa pelas economias em desenvolvimento. Nesse momento são a esperanca maior de evitar um double dip (recessão em W)", disse Canuto, vice-presidente para Redução da Pobreza e Gerenciamento Econômico do Banco Mundial, sobre a ameaça de uma possível nova crise após o colapso de 2008.

"A China tem um papel essencial, mas não apenas ela. Na verdade o fenômeno de crescimento diferencial em boa parte das economias em desenvolvimento desde 2000 é algo que vai além de China e Índia", afirmou.

Para Canuto, existe um certo "conjunto de frentes" de crescimento nas economias em desenvolvimento que seria relativamente independente da conjuntura nos países avançados.

"O problema é que o diferencial de crescimento pode se estabilizar em uma combinação de altas ou baixas taxas de crescimento nos dois grupos de países", disse.

INFLAÇÃO NO BRASIL

Sobre a inflação no Brasil, Canuto disse que é a evolução de preços relativos, expressa nos diferentes componentes de índices de preços, e não o índice geral, que mais chama a sua atenção.

"Não estou minimizando a importância de evitar que expectativas altistas contaminem a inflação futura", disse.

"Mas me preocupa o fato de que a inflação de serviços e de não-comercializáveis em geral esteja comprimindo a rentabilidade de atividades comercializáveis não-commodities", ponderou.

A equipe econômica do governo se esforça para garantir que a inflação termine este ano sem estourar o limite da meta, que é de 6,5%.

Para Canuto, um dos problemas "remanescentes e intocados" do Brasil para lidar com conjunturas negativas como a atual reside na rigidez da alocação orçamentária do governo federal. "Infelizmente, o tema saiu do debate e da agenda", afirmou.