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Abilio Diniz pressiona Casino por definição sobre ViaVarejo

Henrique Manreza/Folhapress
Imagem: Henrique Manreza/Folhapress

27/11/2012 09h15

O presidente do Conselho de Administração do Grupo Pão de Açúcar (PCAR4), Abilio Diniz, pode ter dado um passo decisivo sobre o destino da ViaVarejo ao exigir do sócio francês Casino uma definição quanto aos rumos da unidade de eletroeletrônicos e comércio online, afirmou à Reuters uma fonte próxima ao assunto.

"Abilio tem total interesse em que as negociações avancem. O Casino já disse que não tem interesse em manter ativos de eletroeletrônicos, que eles não têm em nenhum lugar do mundo, mas essa indefinição é muito ruim", disse a fonte.

Diniz teria informado em carta enviada diretamente ao presidente do Casino e controlador do Pão de Açúcar, Jean-Charles Naouri, seu interesse em sair do grupo e ficar com a ViaVarejo, publicou o Valor Econômico nesta terça-feira.

No texto, o empresário diz ser preciso definir "qual rota" vão tomar e que a "indefinição" é prejudicial à companhia.

A carta teria sido enviada pouco antes de Diniz ir para Paris, no domingo, participar de uma reunião no Casino sobre planejamento estratégico. Naouri, contudo, vetou o empresário no encontro, publicaram dois jornais.

Diniz, segundo os jornais, ficou na recepção da sede enquanto a reunião transcorria e enviou e-mail a Naouri afirmando que "a proibição de minha participação em referida reunião será considerada ofensa aos meus direitos, com as responsabilizações e demais consequências cabíveis".

Naouri teria respondido a ele que "a agenda do encontro inclui a discussão das concepções de longo prazo do Casino e nós não somos, de forma nenhuma, obrigados a compartilhar essas concepções com você em outros lugares que não nas reuniões do conselho de membros do Grupo Pão de Açúcar".

No caso de Diniz ficar com a ViaVarejo e Nova Pontocom (comércio eletrônico), a troca de ativos envolveria cerca de R$ 6,5 bilhões e outros R$ 1,5 bilhão seriam recebidos em dinheiro para a saída completa e imediata do empresário do grupo. No total, a operação movimentaria perto de R$ 8 bilhões, afirmou o 'Valor Econômico'.

Além de lançar a proposta ao Casino, Diniz teria de convencer a família Klein, que tem 47% da ViaVarejo, a vender sua participação.

Procurada pela Reuters, a assessoria de imprensa de Diniz confirmou que o empresário foi impedido de entrar na reunião de segunda-feira e o interesse dele em resolver o impasse sobre ViaVarejo, mas não confirmou a existência da carta nem o teor das negociações.

Representantes do Casino e da ViaVarejo não estavam imediatamente disponíveis para comentar o assunto.

A Via Varejo é formada por Ponto Frio, Casas Bahia e Nova Pontocom. As famílias Diniz --do Pão de Açúcar-- e Klein --antiga dona das Casas Bahia-- anunciaram em dezembro de 2009 acordo para uma associação envolvendo a então Globex (dona do Ponto Frio) e Casas Bahia.

Pouco tempo depois, o negócio foi paralisado com os Klein tentando obter condições mais favoráveis. A fusão foi retomada em julho de 2010, mas a relação entre os sócios ficou mais complicada.

Já a relação de Diniz com o Casino foi amargada quando o empresário brasileiro tentou unir o Pão de Açúcar às operações do Carrefour no Brasil, em meados de 2011.

(Por Vivian Pereira)