Casino não tem interesse em vender ViaVarejo, diz fonte
SÃO PAULO, 27 Nov (Reuters) - O francês Casino, atual controlador do Grupo Pão de Açúcar (PCAR4), não está interessado em negociar a venda da ViaVarejo --unidade de eletroeletrônicos e comércio online do grupo--, afirmou à agência de notícias Reuters uma fonte próxima ao assunto.
A Via Varejo, formada por Ponto Frio, Casas Bahia e Nova Pontocom, tem ocupado o centro das atenções na disputa travada entre o presidente do Conselho de Administração do Pão de Açúcar, Abilio Diniz, e o presidente do Casino, Jean-Charles Naouri, que tem ainda a família Klein como terceira parte interessada.
Segundo a fonte, o Casino não tem planos de vender a ViaVarejo nem espera receber ofertas, e estaria interessado em desenvolver o negócio.
Mais cedo, uma outra fonte próxima à situação afirmou à Reuters que Diniz tem pressionado o sócio francês para chegar a uma definição quanto aos rumos da unidade de eletroeletrônicos e comércio online.
"Abilio tem total interesse em que as negociações avancem. O Casino já disse que não tem interesse em manter ativos de eletroeletrônicos, que eles não têm em nenhum lugar do mundo, mas essa indefinição é muito ruim", disse a fonte pela manhã.
Diniz teria informado em carta enviada diretamente ao presidente do Casino e controlador do Pão de Açúcar, Jean-Charles Naouri, seu interesse em sair do grupo e ficar com a ViaVarejo, publicou o Valor Econômico nesta terça-feira.
Uma das fontes, entretanto, disse que Diniz enviou apenas um email a Naouri, em que afirmava estar preparado para discutir sobre a ViaVarejo com o Casino, sem qualquer formalização de proposta.
Diniz embarcou para Paris no domingo para participar de uma reunião no Casino sobre planejamento estratégico. Naouri, contudo, proibiu a entrada do empresário, já que Diniz não integra mais o conselho do Casino, segundo uma das fontes.
Diniz ficou na recepção da sede do Casino enquanto a reunião transcorria e enviou email a Naouri afirmando que "a proibição de minha participação em referida reunião será considerada ofensa aos meus direitos, com as responsabilizações e demais consequências cabíveis", publicou o jornal.
No caso de Diniz ficar com a ViaVarejo e Nova Pontocom (comércio eletrônico), a troca de ativos envolveria cerca de R$ 6,5 bilhões. Outros R$ 1,5 bilhão seriam recebidos em dinheiro para a saída completa e imediata do empresário do grupo. No total, a operação movimentaria perto de R$ 8 bilhões, afirmou o “Valor Econômico”.
Além de lançar a proposta ao Casino, Diniz teria de convencer a família Klein, que tem 47% da ViaVarejo, a vender sua participação.
Procurada pela Reuters, a assessoria de imprensa de Diniz confirmou que o empresário foi impedido de entrar na reunião de segunda-feira e o interesse dele em resolver o impasse sobre ViaVarejo, mas não confirmou a existência da carta nem o teor das negociações. Representantes do Casino afirmaram que não comentariam o assunto.
As famílias Diniz --do Pão de Açúcar-- e Klein --antiga dona das Casas Bahia-- anunciaram em dezembro de 2009 acordo para uma associação envolvendo a então Globex (dona do Ponto Frio) e Casas Bahia.
Pouco tempo depois, o negócio foi paralisado com os Klein tentando obter condições mais favoráveis. A fusão foi retomada em julho de 2010, mas a relação entre os sócios ficou mais complicada.
Já a relação de Diniz com o Casino foi amargada quando o empresário brasileiro tentou unir o Pão de Açúcar às operações do Carrefour no Brasil, em meados de 2011.
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