Monsanto quer lançar nova soja Intacta ainda este ano
A empresa de sementes e biotecnologia Monsanto espera lançar comercialmente sua nova soja transgênica para plantio na próxima safra, disse o presidente da subsidiária da empresa no Brasil.
Mas um lançamento bem-sucedido de tal semente de soja, resistente ao ataque de lagartas e tolerante ao herbicida glifosato, dependerá da aprovação da variedade pela China, maior comprador global da oleaginosa.
A soja Intacta RR2 Pro é a primeira variedade desenvolvida exclusivamente para a América do Sul e foi projetada para oferecer maior produtividade, ajudando o Brasil a elevar a colheita soja, esperada para atingir um recorde na atual temporada.
No entanto, nada vai acontecer sem o sinal verde da China, que compra 70 por cento da soja brasileira. Mais de 40 países aprovaram a tecnologia, mas a China não o fez, por razões desconhecidas.
A situação destaca o quanto o Brasil, um gigante na produção agrícola, e sua economia estão atrelados ao país asiático, que é um grande parceiro comercial, mas também pode ser um cliente instável.
"Nossa expectativa é que tenhamos uma aprovação da China nos próximos meses, e quando começar o plantio de soja em outubro, novembro, já haja aprovação para que o produtor possa plantar em escala a Intacta no Brasil", disse Rodrigo Santos é Reuters em uma entrevista na quinta-feira.
Ele disse que os chineses já completaram os estudo técnicos na semente e a Monsanto espera uma assinatura oficial do Ministério da Agricultura daquele país. A recente mudança de líderes políticos na China pode ter desacelerado o processo, disse Santos.
Sementes de Intacta foram plantada em campos de teste em diversas partes do Brasil na atual safra, e se qualquer desses grãos chegar a uma carregamento enviado à China haveria motivos para o país rejeitar uma carga inteira.
Os chineses já deixaram o mercado de soja em altera nesta semana, quando uma trading disse que cancelará a compra de quase 2 milhões de toneladas do Brasil devido aos atrasos nos embarques nos portos.
A produção de soja no Brasil cresceu nos últimos anos devido a uma ampla demanda chinesa e a tecnologias como as sementes transgênicas que a Monsanto começou a vender em 2005, conhecidas como Roundup Ready (RR1). A tecnologia está presente em 85 por cento das lavouras de soja brasileiras e é capaz de tornar a plantação tolerante ao herbicida glifosato aplicado para atacar infestações de ervas daninhas.
Testanto a Intacta e lutando pelos royalties
Santos disse que 500 produtores plantaram campos de teste com a Intacta no fim do ano passado, sob forte supervisão para garantir que os grãos seriam mantidos fora do mercado e não houvesse risco de que chegassem a qualquer carregamento para a China. A Intacta mostrou produtividade superior à Roundup Ready, disse ele.
A Monsanto espera que o lançamento nacional da Intacta ajude a evitar as complexas disputas judiciais que têm surgido em vários Estados devido às dúvidas sobre quando a patente da tecnologia RR expira.
"Com a RR1 não tivemos condições de lançar a tecnologia no Brasil, não existia lei de segurança, (a soja) veio através da Argentina", disse o executivo.
Produtores dizem que a patente da RR1 expirou em 2010 no Brasil, mas a Monsanto argumenta que deveria poder cobrar royalties pelo seu uso até o final de 2014, quando a patente expira nos EUA.
A Monsanto decidiu em fevereiro adiar cobrança de royalties da soja RR1 até resolução final da Justiça sobre a patente, após uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) considerar que a patente vigorou até 2010.
"A Monsanto já recorreu ao Supremo Tribunal Federal", salientou Santos, dizendo que a corte aceitou analisar o caso que espera que a patente no Brasil tenha a mesma validade da registrada nos EUA.
Ele não quis comentar quanto a Monsanto teria que pagar de volta aos produtores rurais caso a decisão da Justiça seja desfavorável à empresa, mas afirmou que estimativas feitas por alguns veículos de imprensa em torno de 2 bilhões de reais eram "superestimados".
Enquanto o assunto tramita na Justiça, a Monsanto negocia individualmente com produtores, oferecendo licenças para a Intacta em troca de acordos encerrando qualquer questionamento judicial aos royalties da RR1.
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