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Produção industrial brasileira cai 0,2% em setembro e interrompe 2 meses de alta

Por Rodrigo Viga Gaier e Patrícia Duarte
Imagem: Por Rodrigo Viga Gaier e Patrícia Duarte

04/11/2014 09h41

Por Rodrigo Viga Gaier e Patrícia Duarte

RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - A produção industrial brasileira voltou a recuar em setembro, após marcar dois meses seguidos de expansão, afetada pelo segmento de bens intermediários em mais um sinal de que a economia brasileira ainda patina e não mostra recuperação consistente.

A produção caiu 0,2 por cento em setembro frente a agosto, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira, num resultado pior do que o esperado. Na comparação com setembro de 2013, a produção recuou 2,1 por cento.

A expectativa em pesquisa da Reuters era de que a produção industrial subiria 0,20 por cento em setembro na comparação mensal e recuasse 1,50 por cento na anual. [nL1N0ST1TA]

Com isso, a produção industrial encerrou o terceiro trimestre com queda de 0,2 por cento sobre o segundo trimestre que, por sua vez, havia encolhido 1,9 por cento sobre o período anterior.

"No terceiro trimestre houve uma melhora de ritmo especialmente após as perdas anteriores, mas isso é insuficiente para uma reação", afirmou o economista do IBGE André Macedo, acrescentando que houve 5 dias úteis a mais no trimestre passado na comparação com abril a junho. "Isso pode ter tido algum tipo de contribuição no resultado e de melhora na produção industrial".

O grupo Bens Intermediários foi o único a mostrar contração em setembro sobre agosto, de 1,6 por cento, o suficiente para levar o indicador todo ao vermelho. Na comparação anual, os bens intermediários tiveram queda de 1,7 por cento.

As demais grandes categorias mostraram expansão na comparação mensal, com destaque para Bens de capital (1,9 por cento) e bens de consumo duráveis (8 por cento).

Segundo o IBGE, apenas sete dos 24 ramos da produção mostraram queda em setembro sobre agosto, com destaque para produtos alimentícios (-4,1 por cento) e setores de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-1,3 por cento).

As perspectivas para o setor para o quarto trimestre já se mostram negativas. De acordo com o Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês), a contração da atividade industrial se acentuou em outubro, marcando um início do quarto trimestre difícil. [nL1N0SQ0TF]

Neste cenário, os agentes econômicos querem mais sinais de como a política econômica no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff será desenhada.

Já foi anunciado que novas medidas de estímulos à indústria virão, num setor cuja confiança registrou primeiro resultado positivo do ano em outubro devido à melhora das expectativas, mas ainda insuficiente para mostrar que está havendo recuperação mais consistente. [nE5N0R502N]

"A situação atual da indústria permanece frágil. O resultado interanual continua indicando contração, sendo que o dado de agosto foi revisto de uma queda de 5,4 para 5,5 por cento", escreveu em nota o economista-chefe do banco Fator, José Francisco Gonçalves. 

"Não há qualquer sinalização clara de reversão desta situação. Pesa também o início de um novo ciclo de alta dos juros iniciado pelo Copom na reunião da semana passada. As perspectivas para a já fraca atividade no país não são animadoras", acrescentou.

A indústria é um dos principais fatores para o fraco desempenho da economia como um todo. Pesquisa Focus do Banco Central com economistas mostra que a projeção é de contração de 2,17 por cento da indústria neste ano e crescimento de 1,42 por cento em 2015. [nEMNEAA0S7]

Para o Produto Interno Bruto (PIB), as contas são de crescimento de 0,24 e 1 por cento, respectivamente.