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Com dólar alto, prejuízo da Gol salta 7 vezes e atinge R$ 673 milhões

Alberto Alerigi Jr. e Juliana Schincariol

12/05/2015 21h43Atualizada em 13/05/2015 11h21

SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO, 12 Mai (Reuters) - A companhia aérea Gol teve prejuízo líquido de R$ 672,7 milhões no primeiro trimestre, sete vezes maior que o resultado negativo registrado no mesmo período do ano passado, por conta do impacto da desvalorização do real no resultado financeiro, em meio a receitas estáveis.

O resultado marcou o 13º prejuízo líquido trimestral consecutivo da segunda maior companhia aérea do Brasil.

A última vez que a Gol teve lucro líquido trimestral ocorreu no quarto trimestre de 2011.

Analistas, em média, esperavam prejuízo líquido de R$ 635,5 milhões, de acordo com estimativas coletadas pela agência de notícias Reuters.

A desvalorização do real gerou uma despesa financeira sem efeito caixa imediato de R$ 774,1 milhões no trimestre, disse a empresa em comunicado. "Esta (é) a causa do prejuízo", justificou.

A depreciação do real, que segunda a empresa foi de 41,8% entre março de 2014 e março de 2015, elevou o custo da dívida em moeda estrangeira e de contratos de leasing de aeronaves, dificultando os esforços do presidente-executivo, Paulo Kakinoff, para recuperar os resultados a companhia.

Resultados

A empresa apurou uma geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação, amortização e aluguel de aeronaves (Ebitdar) de R$ 468,9 milhões, queda de 4,8% sobre o primeiro trimestre de 2014 e de 2,7% sobre os três últimos meses do ano passado.

A margem Ebitda caiu de 19,8% no primeiro trimestre de 2014 para 18,7% nos três meses encerrados em março deste ano.

Apesar do resultado líquido negativo, a Gol apurou um resultado operacional (Ebit) positivo em R$ 153,8 milhões, 6,5% acima do obtido um ano antes. Na comparação com o quarto trimestre, porém, houve queda de cerca de 10%.

A receita líquida da Gol somou R$ 2,5 bilhões nos três meses encerrados em março, praticamente estável sobre os R$ 2,49 bilhões um ano antes.

Os custos e despesas operacionais se mantiveram controlados, com avanço de apenas 0,1% no período, a R$ 2,35 bilhões e caindo 8,2% sobre o final de 2014.

A empresa manteve suas projeções para 2015, de estabilidade na oferta de lugares no mercado doméstico e margem operacional (Ebit) de 2% a 5% este ano, apesar dos 6,1% apurados no primeiro trimestre.

Cenário desafiador

"Esta margem (do primeiro trimestre) está dentro do esperado. A margem no segundo trimestre será muito desafiada, haverá redução de margem, mas o guidance é para o ano", disse o vice-presidente-financeiro e de relações com investidores da Gol, Edmar Lopes, à Reuters.

Segundo ele, o câmbio médio no segundo trimestre deve ser maior do que nos primeiros três meses do ano, enquanto a demanda, em especial a corporativa, não deve se recuperar.

"A gente viu uma situação de deterioração (da demanda corporativa) no início do segundo trimestre em relação ao primeiro. Nos últimos 10 dias a gente viu se estabilizar, mas num patamar inferior. Ela parou de cair", disse Lopes, mencionando grandes clientes corporativos da Gol como Petrobras, OAS e Volkswagen, que passam por diferentes problemas.

O executivo acrescentou que ainda é prematuro dizer se há alguma mudança de quadro. "A gente é muito dependente da situação econômica como um todo", disse, acrescentando que o cenário é "muito desafiador".

Além da demanda pressionada pelo cenário de fraco crescimento econômico, Lopes disse que a Gol espera um aumento nos preços do combustível de aviação no segundo trimestre.

(Reportagem adicional de Priscila Jordão)