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Persio Arida tenta tranquilizar clientes e diz que BTG não é feito por uma pessoa só

Rodrigo Viga Gaier

25/11/2015 20h46Atualizada em 26/11/2015 13h01

RIO DE JANEIRO - O presidente interino do BTG Pactual, Persio Arida, buscou tranquilizar clientes, afirmando que o nível de solvência do banco é tranquilo e que o banco não é feito por apenas uma pessoa, após a prisão do presidente e controlador da instituição, o banqueiro André Esteves.

Persio, ex-presidente do Banco Central e sócio do BTG Pactual, foi nomeado pelo Conselho de Administração para comandar o banco nesta tarde.

Esteves foi preso pela Polícia Federal na quarta-feira em sua casa na capital fluminense, acusado de tentar obstruir a operação Lava Jato, que investiga esquema bilionário de corrupção envolvendo a Petrobras.

"Ele (Persio) tentou deixar claro que uma instituição como o BTG não é feita por apenas uma pessoa", disse à agência de notícias Reuters um dos presentes a evento no Rio promovido pelo banco, que foi fechado à imprensa. "O Persio disse que a instituição continua firme e com credibilidade", acrescentou a mesma fonte, pedindo para não ter o nome divulgado.

A prisão de Esteves, considerado um dos banqueiros mais influentes do Brasil, surpreendeu o mercado financeiro. As units (conjunto de ações) do BTG Pactual negociadas na Bovespa chegaram a cair quase 40% no pior momento do dia e atenuaram as perdas para 21% no fechamento, após o banco anunciar um programa de recompra de papéis.

Um segundo participante do encontro, que também falou sob condição de anonimato, disse que Persio buscou nos comentários iniciais passar tranquilidade sobre o nível de solvência e afirmou que a alavancagem do banco está sob controle.

O evento no Rio organizado pelo BTG nesta quarta, batizado de "Perspectivas Econômicas 2016", tinha prevista participação de Esteves e foi mantido pelo banco mesmo após a prisão do banqueiro pela PF.

Mais cedo, uma fonte a par da estratégia do banco disse à Reuters que o BTG Pactual registrou nesta quarta resgates de recursos de clientes equivalentes a cerca de 1% dos cerca de R$ 230 bilhões sob gestão do banco.

"Foi um montante menor do que o imaginado", disse essa fonte, explicando que o BTG Pactual usou menos de 5% de seus R$ 40 bilhões disponíveis em caixa para cobrir as saídas.

Além de Esteves, o líder do governo no Senado, senador Delcídio do Amaral (PT-MS), foi preso por suspeita de obstruir a Lava Jato. Também foram expedidos mandados de prisão do chefe de gabinete do senador, Diogo Ferreira, e do advogado do ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, Edson Ribeiro Filho.

A Lava Jato investiga superfaturamento em contratos de obras principalmente da Petrobras com participação de funcionários, executivos de empreiteiras e políticos. A petroleira já reconheceu em seu balanço do terceiro trimestre de 2014 perda de R$ 6,2 bilhões por corrupção.