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BC monitora riscos externos para decidir se vai atuar no câmbio, diz diretor

Aluísio Alves

21/06/2016 17h12

SÃO PAULO, 21 Jun (Reuters) - O diretor de Política Monetária do Banco Central, Aldo Mendes, afirmou nesta terça-feira que a autoridade monetária aguarda a definição de alguns riscos externos para decidir se vai atuar no mercado cambial.

Ao ser questionado sobre quando o BC voltaria a fazer intervenção no câmbio, o diretor respondeu: "Não sei, estamos esperando definição sobre riscos externos", referindo-se ao referendo que definirá se a Grã-Bretanha permanecerá ou não na União Europeia (UE) e à taxa de juros nos Estados Unidos.

O BC não atua no mercado de câmbio brasileiro desde o último pregão do mês passado mesmo diante do tombo do dólar frente ao real, que atingiu nesta sessão os menores níveis em quase um ano abaixo de 3,40 reais.

Muitos operadores apostavam que o BC preferiria evitar que a moeda norte-americana recuasse muito para proteger as exportações, que tendem a sofrer com cotações baixas. Essa, acreditam, foi a estratégia adotada pela autoridade monetária há alguns meses, quando intensificou suas intervenções.

Mas as dúvidas sobre a postura do BC voltaram a crescer nas últimas semanas, com Ilan Goldfajn assumindo a presidência da instituição. Sua defesa do regime de câmbio flutuante foi interpretada por alguns operadores como sinal de que estaria menos propenso a atuar, embora ele tenha ressaltado depois que pode agir com "parcimônia".

Mendes disse ainda que o sistema financeiro brasileiro está sólido, em referência a eventuais impactos do processo de recuperação judicial da Oi em bancos credores.

A Oi entrou com pedido de recuperação judicial na noite passada para reorganizar e estruturar sua dívida de 65,4 bilhões de reais. Ações de bancos que haviam emprestado à maior operadora de telefonia fixa do Brasil, como Itaú, Bradesco e Banco do Brasil, caíam nesta sessão.

Em nota a clientes, analistas do Credit Suisse afirmaram que o pedido de recuperação judicial vai pesar sobre provisões de bancos para perdas com empréstimos, criando um precedente perigoso para companhias endividadas. 

(Texto de Bruno Federowski; Edição de Flavia Bohone)