Petrobras reduz plano de investimento em 25%, para US$ 74,1 bi, em 5 anos
A Petrobras (PETR3, PETR4) prevê investir US$ 74,1 bilhões entre 2017 e 2021, uma queda de 25% em relação ao Plano de Negócios e Gestão 2015-2019, revisado em janeiro deste ano, informou nesta terça-feira (20) a petroleira em comunicado ao mercado.
O corte de investimento atingiu várias áreas e ficou acima do esperado por analistas, conforme revelou nesta terça-feira (20) a petroleira em aguardado anúncio que impulsionou as ações da empresa, cujas novas projeções de produção indicam para poucas mudanças.
A estatal apontou ainda uma meta de desinvestimentos de US$ 19,5 bilhões para o biênio de 2017 e 2018, ante US$ 15,1 bilhões projetados em vendas de ativos entre 2015-2016, tópico considerado fundamental para a empresa reduzir seu enorme endividamento líquido de R$ 332,4 bilhões em 30 de junho.
"Já há um processo em andamento da recuperação financeira da empresa e no fim do prazo de dois anos vamos estar com indicadores financeiros que nos permitirão almejar a voltar a situação anterior, especialmente ao nosso custo financeiro", disse o presidente da Petrobras, Pedro Parente, em conferência de imprensa.
Com um plano mais enxuto, Parente disse que a empresa --que perdeu seu grau de investimento em meio aos desdobramentos das investigações de um enorme esquema de corrupção e da acentuada queda nos preços do petróleo-- aspira melhorar os seus ratings.
No plano, a Petrobras prevê reduzir a alavancagem (medida pela relação de dívida líquida/Ebitda) de 5,3 vezes em 2015 para 2,5 vezes em 2018.
Priorizando investimentos na exploração e produção do pré-sal, e já considerando o novo nível de aportes, as parcerias e os desinvestimentos, a empresa prevê produzir 2,77 milhões de barris de petróleo por dia (bpd) de óleo e líquido de gás natural (LGN) no Brasil em 2021, ante 2,7 milhões de barris de petróleo por dia, em média, em 2020, no plano anterior.
Nas demais áreas de negócios, os aportes visarão, basicamente, a manutenção das operações e projetos relacionados ao escoamento da produção de petróleo e gás, afirmou a estatal em nota.
As ações preferenciais da Petrobras, com prioridade na distribuição de dividendos, operavam em alta de 3,6% às 13:11. As ordinárias, com direito a voto em assembleia, avançavam cerca de 2% e o Ibovespa subia 0,7%.
Corte acima do mercado
O corte nos investimentos foi maior do que o esperado pelo mercado, com analistas ouvidos pela Reuters projetando em média aportes de cerca de US$ 80 bilhões até 2021.
A redução dos investimentos é ainda maior quando comparada com o plano de negócios da petroleira em 2014, de US$ 220,6 bilhões em cinco anos, quando a companhia ainda não havia reportado perdas bilionárias pelo escândalo de corrupção revelado pela operação Lava Jato e quando os preços do petróleo estavam mais altos.
Agora, para os próximos cinco anos, a Petrobras prevê investimentos da área de Exploração & Produção de US$ 60,6 bilhões), sendo que 76% do montante será alocado para desenvolvimento da produção, 11% para exploração e 13% para suporte operacional. No plano anterior, a principal divisão da empresa receberia investimentos de US$ 80 bilhões.
Já a área de Refino e Gás Natural receberá investimentos de US$ 12,4 bilhões no período, sendo 50% destinados à continuidade operacional dos ativos e o restante a projetos relacionados ao escoamento da produção de óleo e gás. No plano anterior, a divisão de Abastecimento tinha uma previsão de US$ 10,9 bilhões e a de Gás e Energia, de US$ 5,4 bilhões.
Desinvestimento em Etanol
A Petrobras afirmou ainda que vai sair integralmente das atividades de produção de biocombustíveis, incluindo etanol e biodiesel, onde tem participação relevante, mas não deu prazo para a realização dos acordos.
Vai deixar também os setores de distribuição de Gás Liquefeito de Petróleo (gás de cozinha), produção de fertilizantes e das participações em petroquímica.
A petroleira reafirmou que, como empresa integrada, buscará reduzir o riscos por meio de parcerias e desinvestimentos na atuação em Exploração e Produção, Refino, Transporte, Logística, Distribuição e Comercialização.
Disse ainda que buscará reestruturar os negócios de energia, consolidando os ativos termelétricos e demais negócios desse segmento, buscando a alternativa que maximize o valor para a empresa.
A companhia afirmou também que vai rever o posicionamento do negócio de lubrificantes, objetivando maximizar a geração de valor.
(Com reportagem adicional de Rodrigo Viga Gaier e Jeb Blount; edição de Gustavo Bonato)
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