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Novas regras de IPO do Reino Unido devem atrair mais empresas estatais

17/07/2017 13h49

LONDRES (Reuters) - As mudanças propostas para o sistema britânico de listagem em bolsa britânico provavelmente atrairão uma série de empresas respaldadas pelo Estado para os mercados de ações de Londres, enquanto os governos de países ricos em petróleo se preparam para uma onda de vendas de ativos.

Alguns investidores e grupos de governança corporativa, entretanto, dizem que o movimento britânico de afrouxar algumas regras para tornar o mercado mais atrativo para empresas estatais pode reduzir a qualidade das empresas listadas na bolsa de valores e deixar acionistas menos protegidos quando as coisas derem errado.

O órgão regulador financeiro do Reino Unido propôs na quinta-feira uma nova categoria de listagem "prêmio" para estatais, com o objetivo de tornar o mercado mais atrativo para a gigante do petróleo saudita Aramco , que prepara o que se espera seja a maior oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) do mundo.

O movimento foi aplaudido por grupos britânicos de lobby financeiro por ajudar a garantir que o mercado continue atrativo mesmo com a saída do país da União Europeia.

Advogados dos mercados de capitais dizem que, assim como a Arábia Saudita, as mudanças vão atrair alguns países que também tem planos de privatização de ativos.

"Isso amplia o apelo de Londres para empresas de países como a Arábia Saudita, o Cazaquistão, a Rússia e do sul da Europa", disse à Reuters Raj Karia, associado do escritório de advocacia Norton Rose. "Há muitas empresas no mundo que são de propriedade estatal e que serão privatizadas. E, na corrida para o Brexit, Londres está apelando para o mundo além da Europa."

A queda dos preços de petróleo estimulou as privatizações em todo o Oriente Médio, com a Arábia Saudita, Omã e Abu Dhabi anunciando planos no ano passado para oferecer alguns de seus ativos petrolíferos.

Nicholas Holmes, um associado da firma de advocacia Ashurst, disse que está claro que as regras propostas visam atrair mais negócios soberanos em Londres, além da Aramco.

No entanto, advertiu que as mudanças colocam em risco algumas reformas feitas em 2014 nas regras de listagem da Grã-Bretanha , na sequência de uma série de escândalos.

As companhias de mineração listadas em Londres Eurasian Natural Resources Corporation (ENRC) do Cazaquistão e a Bumi, da Indonésia, deixaram os investidores minoritários com grandes perdas, por conta de negócios envolvendo pessoas de dentro das empresas e acionistas controladores.

Isso levou à mudança de regras, com essas empresas obrigadas a garantir que todas as transações entre um acionista controlador ou seus associados e a empresa sejam conduzidas com base em condições comerciais normais.

Essas regras não se aplicam às empresas estatais, sob a nova estrutura de listagem proposta, ao negociarem com os Estados controladores, desde que a participação estatal seja de pelo menos 30 por cento das ações.

"O medo é de estarmos recuando de uma parte das reformas sensatas que vieram na sequência de escândalos passados como o ENRC. O risco é uma diluição da marca de listagem "prêmio", disse Holmes da Ashurst.

Grupos de acionistas e investidores concordaram.

"Nossa reação inicial é que os investidores e os poupadores devem estar nervosos com qualquer diluição das proteções existentes que foram especificamente introduzidas para evitar a repetição das questões de governança associadas com Bumi e ENRC", disse Catherine Howarth, diretora-executiva da ShareAction.

Euan Stirling, chefe de administração e governança de investimento do Standard Life, um dos maiores investidores no mercado de ações britânico, disse que o movimento enviou o sinal errado.

"Nós preferimos ver as regras de listagem endurecidas ao invés de serem afrouxadas", disse ele.

(Por Dasha Afanasieva e Simon Jessop)