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Ibovespa fecha na mínima em quase 6 semanas com receios sobre eleição

21/08/2018 17h03

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em queda nesta terça-feira, na mínima em quase seis semanas, com agentes financeiros aflitos sobre o cenário eleitoral, conforme o desempenho do candidato preferido pelo mercado, o tucano Geraldo Alckmin, segue decepcionando nas pesquisas sobre a preferência dos eleitores.

O principal índice de ações da B3 encerrou em baixa de 1,5 por cento, a 75.180,40 pontos, menor patamar desde 11 de julho, quando fechou a 74.398,55 pontos. O volume financeiro somou 10,8 bilhões de reais.

Na visão do analista Régis Chinchila, da corretora Terra Investimentos, o fato de o panorama eleitoral não trazer nada de novo, principalmente Alckmin não reagir nas pesquisas, está estressando investidores, ao mesmo tempo em que nomes menos benquistos no mercado parecem estar ganhando espaço.

"A migração de votos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por exemplo, gera grande apreensão no mercado", afirmou. "A bolsa está refletindo a cautela desses investidores."

Na visão de profissionais do mercado, Geraldo Alckmin é visto como capaz de implementar as reformas econômicas necessárias ao país logo no começo do governo, a fim de evitar cenários mais catastróficos para o Brasil, em um ambiente internacional mais desafiador.

Na pesquisa Ibope divulgada na segunda-feira, no cenário sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o candidato do PSL à Presidência da República, deputado Jair Bolsonaro, lidera com 20 por cento.

Na sequência, vêm Marina Silva (Rede), que registrou 12 por cento, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), com 9 por cento, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), com 7 por cento, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT), com 4 por cento e o senador Alvaro Dias (Podemos), com 3 por cento.

Levantamento CNT/MDA, divulgado também véspera, mostrou quadro mais ou menos parecido.

Há expectativa para pesquisa Datafolha que será divulgada n ainda nesta quarta-feira.

Profissionais da área de renda variável acrescentaram que a disparada do dólar, que superou 4 reais pela primeira vez desde 2016, e o forte avanço nas taxas dos DIs mais longos, também por receios eleitorais, corroboraram o tom negativo no pregão, embora o câmbio tenha ajudado algumas exportadoras.

Em Wall Street, o S&P 500 fechou em alta de 0,2 por cento, a 2.862,83 pontos, máxima recorde, ajudado por ações de consumo e uma relativa calmaria na disputa comercial em andamento entre Estados Unidos e China.

DESTAQUES

- BRADESCO PN caiu 2,43 por cento, com papéis de bancos entre os mais sensíveis às expectativas sobre a corrida presidencial, com ITAÚ UNIBANCO PN fechando em baixa de 1,29 por cento e SANTANDER BRASIL UNIT cedendo 2,38 por cento. O destaque de baixa foi BANCO DO BRASIL, de controle estatal, que recuou 3,98 por cento.

- PETROBRAS PN encerrou em queda de 3,49 por cento, apesar da alta dos preços do petróleo no exterior. A ação também foi minada pelos receios com o cenário eleitoral, além de notícia de que o leilão do excedente de petróleo do pré-sal na área conhecida como cessão onerosa pode ficar para 2020, caso não seja possível a superação de alguns entraves para a realização do certame ainda em 2018, segundo o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia (MME).

- ELETROBRAS PNB caiu 5,35 por cento, também vulnerável a especulações sobre a disputa eleitoral dado o controle estatal, mesmo com notícias positivas nos últimos dias sobre o processo de privatização das distribuidoras da estatal. CEMIG PN, também de controle estatal, no caso do Estado de Minas Gerais, perdia 5,67 por cento, sofrendo do mesmo efeito de contágio de expectativas políticas.

- GOL PN despencou 9,87 por cento, tendo de pano de fundo o avanço do dólar ante o real e a elevação dos preços do petróleo no exterior. A companhia aérea amargou um prejuízo de 1,3 bilhão de reais no segundo trimestre pressionada justamente pela variação cambial, que pesou sobre o resultado financeiro do período.

- B2W e VIA VAREJO UNIT caíram 7,29 e 6,62 por cento, respectivamente, entre as maiores quedas, afetadas pela disparada nas taxas dos contratos futuros com vencimentos mais longos, o que tende a afetar o custo de crédito para o consumo, entre outras consequências. MAGAZINE LUIZA perdeu 4,29 por cento.

- SUZANO valorizou-se 4,38 por cento, entre as poucas altas do Ibovespa na sessão, uma vez que a alta do dólar ante o real tem efeito benigno em suas receitas, assim como de outras companhias de papel e celulose. Na mesma linha, JBS, que tem operações relevantes no exterior, subiu 2,05 por cento e VALE, que exporta boa parte de sua produção, encerrou com acréscimo de 0,56 por cento.