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Peso argentino passa por queda livre apesar de aumento dos juros para 60%

30/08/2018 20h14

Por Jorge Otaola

BUENOS AIRES (Reuters) - O peso argentino sofreu a maior queda diária desde dezembro de 2015, perdendo quase um quinto de seu valor nesta quinta-feira, apesar de o banco central elevar os juros para 60 por cento, com pânico dos investidores sobre a forma como o presidente Mauricio Macri gerencia a crise econômica.

Operadores de mercado afirmaram que o nervosismo de seus atores foi um dos mais altos dos últimos tempos, diante de uma moeda que passou a perder mais da metade de seu valor frente ao dólar somente em 2018 e com uma inflação que cada vez mais reduz o poder de compra da população.

"A recessão (econômica) é o principal problema do governo" e "se não recupera a confiança, continua pagando com a alta do dólar", disse o economista Federico Furiase, da consultoria EcoGo.

"O mercado continua com o polegar para baixo e tem o impacto na economia real... além de o contexto internacional ser adverso para as economias emergentes", acrescentou.

Diferentes autoridades do governo argentino tentaram nesta quinta-feira conter a crise financeira com mensagens de otimismo, mas no mercado aumentou a incerteza dos investidores e empresários fizeram críticas.

O peso caiu 13,12 por cento, a 37,60/39,25 por dólar, com falta de oferta de divisas por parte de exportadores e uma demanda maciça. O piso mínimo intradiário chegou a 42,0 pesos por dólar.

A desvalorização terminou sendo a segunda maior na era presidencial de Mauricio Macri, que ao assumir o governo em dezembro de 2015 liberou o mercado cambial, o que fez o peso cair na época quase 30 por cento em uma sessão.

Nesta quinta-feira, o banco central se viu obrigado a oferecer 500 milhões de dólares, dos quais leiloou 300 milhões, com a ideia de firmar um preço final de mercado diante da maior volatilidade diária desde que se liberou o regime cambial há quase três anos.

Somente esta semana, a autoridade monetária acumula vendas de 1,4 bilhão de dólares de suas reservas para conter o peso, um esforço sem grandes resultados. A injeção se eleva a 2,076 bilhões de dólares em agosto e chega a 13,511 bilhões no ano, segundo dados oficiais.

(Reportagem adicional de Hernán Nessi)