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Setor público consolidado tem déficit primário de R$24,621 bi em setembro, pior que expectativa

29/10/2018 10h36

Por Marcela Ayres

BRASÍLIA (Reuters) - O setor público consolidado brasileiro registrou déficit primário acima do esperado de 24,621 bilhões de reais em setembro, resultado do descasamento entre receitas e despesas, agravado pela obrigatoriedade de alguns gastos pesados como os ligados à Previdência e à folha de pagamento do funcionalismo público.

Em pesquisa da Reuters, a expectativa era de um déficit de 22,7 bilhões de reais para o mês. O rombo também cresceu 15,8 por cento sobre igual mês do ano passado.

A performance foi puxada pelo desempenho do governo central (governo federal, BC e Previdência), negativo em 24,292 bilhões de reais, dado que piorou em relação ao déficit de 22,227 bilhões de reais do mesmo mês de 2017.

Ao mesmo tempo, os governos regionais tiveram déficit de 795 milhões de reais em setembro, enquanto as empresas estatais ficaram no azul em 466 milhões de reais.

No acumulado de janeiro a setembro, o setor público consolidado registrou déficit de 59,321 bilhões de reais, queda de 27,8 por cento sobre igual etapa de 2017.

Em 12 meses, o déficit foi a 87,794 bilhões de reais, equivalente a 1,29 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), ainda distante do alvo fiscal estabelecido pelo governo.

Para o ano, a meta é de um rombo primário de 161,3 bilhões de reais, quinto resultado consecutivo no vermelho. Mas o secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, já afirmou que o setor público pode fechar com 2018 com déficit primário de cerca de 125 bilhões de reais.

Em coletiva de imprensa, o chefe do departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, reforçou que o resultado deve sim ficar abaixo da meta, embora não tenha detalhado números.

Questionado sobre a viabilidade de o governo zerar o vultoso déficit primário já no próximo ano, promessa do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), Rocha afirmou que o BC "não tem feito nenhum comentário sobre temas de campanha eleitoral".

Na véspera, o economista Paulo Guedes, que comandará o Ministério da Fazenda na gestão de Bolsonaro, afirmou que o novo governo irá tentar a tarefa, que avaliou ser factível..

DÍVIDA

Em setembro, a dívida pública bruta ficou em 77,2 por cento do PIB, ligeira queda sobre o patamar de 77,3 por cento de agosto, informou o BC.

Já a dívida líquida foi a 52,2 por cento do PIB, aumento de 1 ponto percentual sobre o mês anterior, sendo que a projeção de analistas era de 51,4 por cento.

"Agora em setembro nós tivemos uma apreciação do câmbio, que devolveu um pouco a desvalorização de agosto. Aí tivemos o efeito da apreciação cambial (que diminui em reais o valor das reservas internacionais) e mais o efeito do déficit nominal, fazendo com que a dívida líquida voltasse ao ponto observado anteriormente", disse Rocha, sobre o fato de a dívida ter retornado ao mesmo patamar de julho.

Em setembro, o dólar caiu 0,87 por cento, depois de fechar agosto com alta de 8,46 por cento, com investidores reduzindo posições compradas, que apostam na alta, após Bolsonaro mostrar ampla vantagem sobre o petista Fernando Haddad na corrida ao Palácio do Planalto.