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Emissão de ações da Eletrobras para privatização deve ocorrer em 2020, diz CEO

13/08/2019 17h01Atualizada em 14/08/2019 12h14

SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - A emissão de novas ações da Eletrobras que o governo pretende realizar para levar à capitalização e privatização da companhia deve ocorrer em 2020, embora uma decisão sobre o projeto de lei necessário para viabilizar o processo seja esperada ainda em 2019, disse nesta terça-feira o presidente da estatal, Wilson Ferreira Jr..

A Eletrobras afirmou no início de agosto que o presidente Jair Bolsonaro autorizou que sejam aprofundados estudos para a desestatização da companhia, o que precisará passar pelo Congresso Nacional.

Durante coletiva de imprensa para comentar os resultados da elétrica, Ferreira afirmou que a tendência é que a operação de capitalização ocorra de fato após fevereiro de 2020.

O executivo comentou ainda que não vê como essencial a criação de uma classe especial de ações da companhia, a chamada "golden share", no processo de desestatização.

A manutenção pelo governo federal de uma "golden share" na Eletrobras constava de um projeto de desestatização da companhia apresentado pelo governo Michel Temer, que não foi adiante.

Segundo Ferreira, o setor elétrico é extremamente regulado, o que faz com que tal mecanismo não seja necessário.

DÍVIDA E INVESTIMENTOS

O presidente da Eletrobras admitiu ainda que a estatal não conseguirá realizar os 5,7 bilhões de reais em investimentos inicialmente planejados para 2019, devido ao avanço mais lento de alguns projetos, como um linhão de transmissão entre Roraima e o Amazonas.

"Eu acredito que a gente tenha que rever uma parte do nosso orçamento para baixo, por conta desse deslocamento em termos de cronograma de algumas obras", disse Ferreira mais cedo, durante teleconferência com investidores sobre os resultados.

Segundo ele, os investimentos neste ano devem ficar ligeiramente abaixo de 5 bilhões de reais.

A Eletrobras somou aportes de 577,7 milhões de reais no segundo trimestre e de 1 bilhão no acumulado do ano, o que representa apenas 19% do total previsto.

Apenas a demora na licença para as obras do linhão de Roraima resultou em 139 milhões em investimentos programados e não realizados, de acordo com a Eletrobras.

O presidente da estatal destacou ainda que a Eletrobras fechou o segundo trimestre com relação entre dívida líquida e geração de caixa de 2 vezes, ou 2,6 vezes se desconsideradas indenizações que a empresa tem a receber nos próximos anos pela renovação de contratos antigos de transmissão (RBSE).

Ferreira havia se comprometido a levar a alavancagem, sem indenizações, para nível inferior a 3 vezes ao divulgar o Plano de Negócios da companhia.

"Finalmente atingimos nossa meta", afirmou o executivo.

A alavancagem sem as indenizações havia fechado 2018 em 3,1 vezes e encerrado o primeiro trimestre em 3 vezes.

(Por Luciano Costa e Rodrigo Viga Gaier)