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Petrobras usará caixa para completar pagamento de bônus de leilão, diz CEO

06/11/2019 14h44

Por Marta Nogueira e Rodrigo Viga Gaier

RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Petrobras utilizará caixa para fazer frente ao pagamento do bônus de assinatura na aquisição de dois blocos de óleo e gás ofertados nesta quarta-feira pelo Brasil e não elevará em 1 dólar a sua dívida, afirmou a jornalistas o presidente da petroleira, Roberto Castello Branco.

O consórcio entre Petrobras e as chinesas CNODC e CNOOC ficou com o bloco de Búzios, o mais importante, com bônus de 68,2 bilhões de reais, sendo que a estatal brasileira terá 90% de participação e será a operadora.

Já o bloco Itapu, com bônus de quase 1,8 bilhão de reais, foi adquirido pela petroleira, sem parcerias.

"Sem dúvida nenhuma, a aquisição do campo de Búzios requer um substancial volume de recursos e estamos preparados financeiramente para isso", afirmou Castello Branco, ao deixar o leilão.

"Mesmo com esse investimento, a Petrobras não acabará o ano com elevação de dívida. Não haverá um dólar de aumento de dívida e continuaremos a executar nossa estratégia que inclui como parte importante a gestão ativa de portfólio, disciplina na alocação de capital."

Ele manteve ainda a meta de atingir alavancagem medida por dívida líquida sobre Ebitda, até o fim de 2020, de 1,5 vez.

A empresa tem a receber do governo, como fruto de uma renegociação do contrato original da cessão onerosa, cerca de 34 bilhões de reais. Segundo Castello Branco, o pagamento do bônus referente às áreas e o recebimento de valores do governo ocorrerão de forma simultânea.

"A diferença a Petrobras pagará com seu próprio caixa", disse o executivo, ressaltando esperar que a conta seja resolvida ainda neste ano.

As ações da Petrobras na bolsa paulista B3 chegaram a cair 5% mais cedo, mas operavam estáveis no meio da tarde.

Castello Branco evitou fazer comentários sobre o movimento das ações, mas destacou que o que importa é a tendência, e que o comportamento os papéis da empresa tem apresentado alta nos últimos anos.

"Nós estamos trabalhando para entregar valor aos acionistas, inclusive o Estado brasileiro, o controlador, para que a ação se valorize muito mais. E acreditamos ter feito a coisa certa nessa direção.

RESULTADO POSITIVO

O executivo frisou que o resultado do leilão foi muito positivo para a companhia, uma vez que as áreas arrematadas são aquelas em que a Petrobras se considera "dona natural", por estarem em águas profundas, no pré-sal, com alta rentabilidade e custos baixos.

No entanto, Castello Branco ponderou que esperava mais competição na rodada, lamentou a ausência de mais interesse e reconheceu que há incertezas na indústria. No entanto, evitou entrar em detalhes sobre os motivos para outras empresas não participarem.

"O Brasil tem várias complexidades na questão da regulação da indústria do petróleo. Isso será objeto de discussão e eu espero que sejam eliminadas essas complexidades. O Brasil tem que ser mais simples, como diz o ministro Paulo Guedes 'menos Brasília, mais Brasil", disse o executivo.

Castello Branco ressaltou que a relevância da Petrobras nas ofertas realizadas permitirá que a empresa mantenha uma curva de produção semelhante a que já estava planejada. Isso porque a entrada de parceiros nos ativos, já operados pela Petrobras, implicaria na divisão da produção futura.

As duas chinesas que fizeram consórcio com a Petrobras em Búzios deverão ressarcir a companhia por investimentos já realizados. Castello Branco, entretanto, evitou fazer comentários sobre se alguns acordos já foram fechados.

(Por Marta Nogueira, Mariana Parraga, Rodrigo Viga Gaier, Gram Slattery e Roberto Samora)