Ação da Cielo chega a disparar mais de 20%; UBS vê empresa menos afetada por Covid-19 que rivais
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - As ações da maior empresa de meios de pagamentos brasileira Cielo chegaram a disparar mais de 20% nesta quinta-feira, na terceira sessão de alta após fechar na última sexta-feira no menor patamar desde fevereiro de 2011.
Por volta das 15:50, os papéis subiam 16,79%, a 4,80 reais, tendo chegado a 4,98 reais no melhor momento do pregão, enquanto o Ibovespa tinha elevação de 2,88%. No ano, contudo, as ações ainda acumulam declínio de mais de 40%.
Em Nova York, as ações das rivais PagSeguro e StoneCo também mostravam forte valorização, de 8,08% e 6,47%, respectivamente.
Analistas do UBS reduziram estimativas para o setor e cortaram o preço-alvo das empresas para incorporar os impactos negativos da pandemia do coronavírus, que demandou medidas de isolamento, com fechamento de atividades, entre elas o comércio.
Mariana Taddeo e Kaio Prato avaliam, contudo, que Cielo provavelmente será a menos afetada, dada a sua exposição a grandes varejistas --embora provavelmente veja isso cair durante 2020.
Ainda assim eles reduziram o preço-alvo dos papéis a 4,50 reais, de 7,50 reais antes, e reiteraram recomendação 'neutra'.
Para os analistas, a Stone deve sofrer o maior impacto no volume de dinheiro transacionado nas maquininhas (TPV), com maior exposição em serviços, redução de adições líquidas e no ritmo de abertura de hub.
Apesar disso, a equipe do UBS reiterou 'compra' para Stone, com novo preço-alvo de 29 dólares, ante 46 dólares anteriormente. PagSeguro, que também tem recomendação de 'compra', teve o preço-alvo reduzido de 54 para 27 dólares.
Taddeo e Prato diminuíram suas projeções para os lucros de 2020 da Cielo em 31,7% (para 0,30 real por ação), da PagSeguro em 33,1% (para 3,84 reais por ação) e da Stone em 42,3% (para 2,55 reais por ação)
Na véspera, também circularam relatórios de analistas após reuniões em separado com executivos da Cielo, entre eles do BTG Pactual, destacando expectativa de queda na receita em 2020 dado o cenário desafiador.
Eduardo Rosman e Thomas Peredo, do BTG Pactual, afirmaram que, apesar de já esperarem uma queda de 30% nos lucros de 2020, pretendem cortar suas projeções mais uma vez nas próximas semanas para considerar a pandemia de Covid-19 e efeitos no TPV.
"Como já dizemos há algum tempo, é difícil ver a Cielo tendo sucesso sob sua atual estrutura de controle. E não temos certeza se a crise irá acelerar ou adiar ainda mais uma solução", afirmaram no relatório, em que reiteram recomendação 'neutra'.
Na visão dos analistas, se for considerado o posicionamento estratégico e grande participação de mercado da Cielo, o valuation parece barato. "Porém, quando analisamos o desempenho recente e nossa expectativa de resultados nos próximos anos, de forma independente, o cenário parece desafiador."
Na mesma direção, analistas do Safra também esperar que o Covid-19 tenha um impacto negativo sobre os números de TPV da Cielo em ambas as unidades de negócios (negócio de aquisição e unidade de Cateno), mas esse impacto deve depender da duração das medidas de distanciamento social.
Os analistas do Safra Luis F. Azevedo e Silvio Doria, contudo, avaliam que o tombo das ações no ano foi muito pior do que o do Ibovespa. Ainda assim, reiteraram a recomendação 'neutra'.
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