Opep+ ou menos? Números de cortes de oferta de petróleo confundem mercado
Por Alex Lawler e Ahmad Ghaddar
LONDRES (Reuters) - Dias depois de a Opep+ chegar a um acordo para cortes recordes na produção de petróleo, na tentativa de sustentar um mercado que patina em meio à crise do coronavírus, os cálculos do grupo passaram a ser questionados.
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), ao lado da Rússia e de outras nações produtoras aliadas -- grupo conhecido como Opep+ --, se juntou a mais países produtores, entre eles os Estados Unidos, para reduzir a oferta da commodity em cerca de 20 milhões de barris por dia (bpd).
O número representa em torno de 20% da demanda global antes da pandemia de coronavírus, o que o torna um passo sem precedentes para atacar uma queda excepcional nos preços vista no primeiro trimestre, que levou as cotações a baterem uma mínima de 18 anos em março.
"Todo mundo deve ter percebido que isso é simplesmente impossível, seja em termos técnicos ou matemáticos", disse Eugen Weinberg, analista de petróleo do Commerzbank, a respeito da meta de produção.
"Por mais que a Opep tente convencer o mercado de sua força e determinação, até aqui ela falhou nessa tarefa."
No último final de semana, a Opep+ concordou em reduzir sua produção em 9,7 milhões de bpd em maio e junho. Os demais cortes, que virão dos EUA, Canadá e outros países, são menos concretos e devem surgir como resultado do enfraquecimento dos preços, entrando em vigor gradualmente.
"Alguns esperavam que, como resultado desse acordo para cortes de produção sem precedentes, os preços do petróleo saltariam. Isso não aconteceu", disse o ABN Amro em nota, acrescentando que o mercado já havia precificado um acordo depois que o presidente norte-americano, Donald Trump, disse esperar que ele acontecesse no início de abril.
O ministro de Energia da Arábia Saudita afirmou que os cortes podem atingir 19,5 milhões de bpd, uma vez que forem contabilizadas, nos próximos meses, as promessas de redução de 3,7 milhões de bpd por produtores membros do G20 e compras de cerca de 200 milhões de barris para reservas estratégicas.
IEA "CONTINUA ESPERANDO"
Mas a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), assessora do setor para economias industrializadas, não fez menção a tais planos em um relatório divulgado nesta quarta-feira, e disse que "continua esperando por mais detalhes sobre alguns cortes de produção planejados e propostas para uso de armazenamentos estratégicos".
Transferências de petróleo para estoques estratégicos poderam representar a retirada de 2 milhões de bpd do mercado, segundo a IEA.
Os EUA, assim como Japão e Coreia do Sul, disseram que só podem comprar petróleo para reabastecer reservas. Já a Índia planeja encher completamente suas reservas estratégicas até a terceira semana de maio.
Mas ainda faltaria para que o total de 20 milhões de barris fosse atingido.
"Quanto maior o número que os produtores inventam, menor a credibilidade. Realisticamente, eu acho que é mais provável que o corte seja de um terço disso, de cerca de 7 milhões a 8 milhões de bpd", disse à Reuters um operador de contratos futuros de petróleo.
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