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Vendas de veículos crescem em maio, mas seguem 73% abaixo de 2019

Fábrica da Ford em São Bernardo do Campo, na região metropolitana de São Paulo - Rodrigo Paiva/Folhapress
Fábrica da Ford em São Bernardo do Campo, na região metropolitana de São Paulo Imagem: Rodrigo Paiva/Folhapress

01/06/2020 15h49Atualizada em 01/06/2020 16h22

Flexibilizações de quarentena e retorno de alguns departamentos estaduais de trânsito ao trabalho ajudaram a elevar as vendas de veículos em maio, mas o volume emplacado segue apontando forte queda em relação a um ano antes, informaram duas fontes do mercado a Reuters.

Os licenciamentos de carros, comerciais leves, caminhões e ônibus no mês passado somaram cerca de 65,3 mil unidades, uma alta de 17% na comparação com abril, mas recuo de 73% sobre maio do ano passado, segundo dados preliminares.

As vendas de carros e comerciais leves somaram cerca de 59,4 mil unidades, um crescimento de 15,4%. Já os emplacamentos de caminhões foram de 5.215 unidades, enquanto os de ônibus foram de aproximadamente 670 veículos.

A indústria divulga o fechamento oficial de vendas e dados que incluem produção na próxima sexta-feira (5).

"A demanda está sendo duramente afetada pela queda da renda e aumento do desemprego, portanto, não esperamos que as famílias estejam propensas e confiantes para aquisições de bens de maior valor agregado como imóveis e veículos nos demais meses do ano", afirmou Ricardo Jacomassi, economista-chefe da TCP Partners.

A consultoria preparou levantamento sobre os impactos da epidemia sobre o setor e estima que as vendas de veículos no Brasil este ano caiam cerca de 47%, a 1,48 milhão de unidades.

Além disso, sem sinais de retomada do mercado argentino, maior importador do Brasil, as vendas externas da indústria brasileira de veículos devem atingir um dos menores embarques registrados desde a formação do Mercosul.

"Não temos conhecimento de saída de alguma marca do mercado brasileiro, até porque a queda [nas vendas] foi mundial e não restrita ao País. Um mercado é atrativo a partir de uma produção de 2 milhões de unidades por ano", adicionou.

Segundo ele, uma das preocupações é o segmento de ônibus, "que geralmente em ano de eleição municipal tem alta, mas com o coronavírus praticamente desapareceram".

A situação deve impulsionar o mercado de reposição de peças, segundo a TCP, após o terceiro trimestre, diante da necessidade de manutenção da frota circulante, que terá processo de renovação adiado por causa da crise.

Mas isso ainda será insuficiente para compensar a indústria de autopeças da queda da produção de montadoras, que são responsáveis por mais de 80% das vendas do segmento, diz Jacomassi. Segundo o levantamento, a renovação da frota ficará abaixo da taxa média, de cerca de 8% dos últimos dez anos.