Logo Pagbenk Seu dinheiro rende mais
Topo

Desemprego no Brasil vai a 12,9% e apenas metade em idade de trabalhar estava ocupada no tri até maio

30/06/2020 10h33

Por Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier

SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - O Brasil registrou o nível mais baixo de ocupação da série histórica no trimestre encerrado em maio, quando a pandemia de coronavírus deixou 12,7 milhões de desempregados e fez a taxa de desemprego disparar.

A pesquisa Pnad Contínua mostrou que a taxa de desemprego no Brasil saltou a 12,9% nos três meses até maio, de acordo com os dados divulgados nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado mostrou forte avanço sobre a taxa de 12,6% entre fevereiro e abril e de 12,3% no mesmo período do ano passado. A expectativa em pesquisa da Reuters era de uma alta para 13%.

"Esse crescimento agora é diferente do padrão de 2017 para cá. Era para essa taxa estar estável (se não fosse a pandemia), ou assumindo tendência de queda, mas teve alta significativa", destacou a analista da pesquisa, Adriana Beringuy.

O levantamento mostrou ainda que, pela primeira vez, menos da metade das pessoas em idade de trabalhar está ocupada, com esse percentual chegando a 49,5% no trimestre encerrado em maio, queda de cinco pontos percentuais em relação aos três meses encerrados em fevereiro.

De acordo com o IBGE, é o mais baixo nível da ocupação desde o início da pesquisa em 2012.

"Isso significa que menos da metade da população em idade de trabalhar está trabalhando. Isso nunca havia ocorrido na Pnad Contínua”, explicou Beringuy.

O mercado de trabalho mostrou nos três meses até maio perda de vagas generalizadas, como consequência das medidas de paralisação para contenção do coronavírus, com comércios e indústrias sendo mantidos fechados e as pessoas em isolamento social.

O contingente de desempregados no Brasil entre março e maio atingiu 12,710 milhões, de 12,343 milhões entre dezembro e fevereiro e 12,984 milhões no mesmo período do ano passado.

Isso significa mais 368 mil pessoas à procura de trabalho em relação no trimestre até maio em relação aos três meses anteriores período anterior.

Ao mesmo tempo, o total de pessoas ocupadas teve recuo a 85,936 milhões, queda de 8,3% sobre o trimestre imediatamente anterior --ou 7,8 milhões de pessoas que saíram da população ocupada-- e de 7,5% ante o mesmo intervalo de 2019.

"É uma redução inédita na pesquisa e atinge principalmente os trabalhadores informais. Da queda de 7,8 milhões de pessoas ocupadas, 5,8 milhões eram informais”, completou Beringuy.

PERDAS

O impacto da pandemia mostrou toda sua força com perdas tanto entre os trabalhadores com carteira assinada quanto entre os informais. No trimestre até maio, os que tinham carteira assinada no setor privado eram 31,103 milhões, de 33,624 milhões entre dezembro e fevereiro, atingindo o menor nível da série.

Um total de 9,218 milhões de pessoas trabalhavam sem carteira assinada no período, contra 11,644 milhões no trimestre imediatamente anterior.

Já o número de trabalhadores domésticos recuou a 5,074 milhões de pessoas, o que corresponde a 1,170 milhão de trabalhadores a menos no mercado de trabalho.

Assim, o contingente na força de trabalho (pessoas ocupadas e desocupadas) chegou a 98,646 milhões de pessoas, uma queda de 7,406 milhões, ou 7%, em relação ao trimestre encerrado em fevereiro.

"O crescimento da população fora da força indica que as pessoas estão interrompendo a busca de trabalho por conta do distanciamento social. Para as pessoas lá na frente saírem da inatividade para conseguirem uma ocupação vai depender do desempenho da economia", completou Beringuy.

Nos três meses até maio, o rendimento médio do trabalhador chegou a 2.460 reais, maior nível desde o início da série, de 2.374 reais até fevereiro. Mas, segundo o IBGE, esse aumento se deve à redução no número de trabalhadores informais, grupo que geralmente ganha remunerações menores.

Na segunda-feira, o Ministério da Economia informou que o Brasil fechou 331.901 vagas formais de trabalho em maio, pior desempenho para o mês da série iniciada em 2010, mas numa melhora em relação à performance fortemente negativa de abril.

A pesquisa Focus mais recente do BC mostra que a expectativa do mercado é retração de 6,54% para a economia este ano, indo a um crescimento de 3,50% em 2021.