Volatilidade dá a tônica com mercado atento a vacinas e política
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar tinha uma sessão de intensa volatilidade nesta quarta-feira, já tendo oscilado entre ganhos e perdas, com investidores reagindo a fluxos pontuais num dia sem drivers específicos e de aparente falta de convicção nos mercados internacionais.
Investidores se dividiam entre notícias positivas do setor de serviços em novembro, perspectiva de início de vacinação, corrida para eleição nas duas casas legislativas brasileiras e apostas sobre os rumos da política monetária.
Às 12h47, o dólar negociado no mercado interbancário rondava estabilidade, a 5,3242 reais, depois de variar cerca de 8 centavos de real entre mínimas e máximas desde 11h.
Considerando toda a sessão, que se inicia às 9h, a cotação foi de alta de 0,65%, a 5,3556 reais, a queda de 0,92%, a 5,2716 reais.
Não é de hoje que o real se destaca pelo vaivém, mas nas últimas sessões a moeda ampliou o "gap" ante os pares, sinal de percepção de maior incerteza sobre os rumos da taxa de câmbio.
A volatilidade implícita das opções de dólar/real para três meses estava em 19,05% ao ano, bem acima da medida para o rand sul-africano (16,77%), a segunda divisa mais volátil do mundo emergente.
"Imagina o que é ser empresário neste país e fazer planejamento com um dólar com essa volatilidade. Pior ainda: imagina o negócio que você tem de tocar sendo impactado diretamente pela moeda. Aí não é nem herói, o cara tem que ser é mágico", disse Sérgio Machado, gestor na TRÓPICO Latin America Investments.
O Banco Central comentou em novembro passado que não havia chegado a conclusões específicas sobre as causas da volatilidade cambial. O presidente do BC, Roberto Campos Neto, chegou a citar aumento no volume de operações de "daytrade" como uma possível causa.
Nesta quarta, o mercado monitorava o noticiário político nos Estados Unidos, cuja Câmara dos Deputados começou a debater legislação para o impeachment do presidente Donald Trump pela segunda vez em seu mandato.
Aqui, as atenções seguiam voltadas para a corrida nas eleições para as presidências da Câmara e do Senado. O MDB definiu que Simone Tebet enfrentará Rodrigo Pacheco (DEM) na disputa pelo Senado.
A XP lembra que Tebet se lançou na disputa pregando "independência com harmonia" em relação ao Planalto e disse que a discussão sobre novo auxílio emergencial deve ser feita "observando os critérios de responsabilidade fiscal, do limite do teto de gastos".
No campo macro, o setor de serviços do Brasil --que responde pela maior parte da atividade econômica-- cresceu em novembro pelo sexto mês consecutivo e a uma taxa acima do esperado.
Agentes de mercado dizem que a divisa brasileira só deve fechar o "gap" de excesso de desvalorização ante seus pares quando a economia voltar a crescer de maneira consistente --o que, para analistas, só acontecerá no curto prazo com o controle da pandemia.
Em conversa com apoiadores ao deixar o Palácio da Alvorada nesta manhã, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que seu governo comprará todas as vacinas contra Covid-19 que forem aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), sinalizando que a CoronaVac, vacina do laboratório chinês Sinovac, poderá ser adquirida apesar de uma eficácia menor que a anunciada anteriormente para o imunizante.
(Por José de Castro)
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